Os fogos

Uma das perguntas deste ano, feita pelas pessoas e pelos bichos, é esta: por que disparam foguetes no Natal, se antes isso não existia?
Eu acho que é porque o Brasil virou um país tensionado. Só foguete mesmo para afrouxar um pouco as tensões da classe média.
A classe média desistiu do voto, desistiu de derrubar o Quadrilhão, parece que desistiu até de ser classe média. Então, sobra o foguete. Se pudesse, a classe média largava foguete todos os dias.
O brasileiro exacerbou a tentação exercida pelo rojão. A explosão e o fogo nos purificam. Sempre foi e continua sendo assim em toda parte. Pagam para ver espetáculos nas grandes cidades. Tudo com fogos e muita barulheira. Eu acho bonito e já participei de muitas festas assim no Gasômetro.
Não tem o que fazer. Eu aceito barulhos eventuais, com datas marcadas, nesse mundo cada vez mais barulhento e desrespeitoso. Mas o barulho que me incomoda e atormenta nossos bichos aqui em casa é o do vizinho que ouve música e grita a toda hora, todos os dias, inclusive nas madrugadas (um moço de uns 22 anos, estudante universitário, gente de bem e por acaso de uma família de batedores de panelas ).
Esses sons intermitentes, cotidianos, agressivos, me desmoralizam. O barulho é a violência do século 21. Um foguete de vez em quando não é nada perto da gritaria ao redor.
Esta também é a opinião da Mila (nossa poodle) e dos nossos gatos, a Shary, a Mirian Lane e o Snow.

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