O DELATOR QUE DELATOU A LAVA-JATO

A situação dos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato é, a partir de agora, mais dramática do que a de Sergio Moro. Os procuradores sabem que qualquer movimento em falso pode acionar o que eles mais temem: a comprovação de que as mensagens saíram de dentro do comando da masmorra de Curitiba. Esse é o dilema

O Jornal Nacional erra nomes, números e lugares, e William Bonner chega a fazer três correções na mesma edição. Mas pareceu alarmado com as incorreções pontuais do Intercept. Só o jornalismo bolsonarista diz que não erra e nunca reconhece erros. Até os mais perfeitos conges cometem erros.

Os procuradores que consideram “ilegítimos” os diálogos divulgados pelo Intercept só têm uma saída. Eu não vou dizer qual é, porque os procuradores são espertos e não podemos subestimá-los. Os procuradores são tão espertos que se submeteram com resignação ao controle absoluto de um juiz que eles mesmos, como mostram as conversas, consideravam impositivo e

Bolsonaro, que não controla nem o embarque de traficante em avião do governo, diz com cara de mocinho na TV que não quis ser “mais agressivo” com Putin e por isso não tratou da cuuuestão da Venezuela com o russo. Te mete. Derramei um prato de sopa.

E se Dallagnol estiver certo?

E se essa ideia de Deltan Dallagnol, que pode ter contaminado toda a Lava-Jato, segundo a qual alguns suspeitos devem ser enquadrados não porque existam provas contra eles, mas pelo seu valor simbólico, fosse disseminada pelo Ministério Público e pelo Judiciário? E se, em nome desse valor simbólico, eles mesmos, os chefes da Lava-Jato, Sergio

Que venha o próximo

As mensagens trocadas entre procuradores da Lava-Jato e divulgadas na madrugada de hoje pelo Intercept só confirmam o que os vazamentos anteriores revelaram. O Ministério Público estava sob o comando absoluto de Sergio Moro e sob as regras de Sergio Moro, com a total resignação dos procuradores. É pouco? Tudo no Brasil do nióbio passa