A ALMA E O CÃO

Filha e pai voltam a se falar no almoço, depois de meses de silêncio por causa do voto do pai no sujeito da extrema direita.
A conversa envereda para o mesmo caminho e o pai diz, falsamente carinhoso:
– Filha, só ele pode salvar o país.
A filha responde:
– Ele foi um militar medíocre e deixou a ativa aos 33 anos.
– Isso é invenção.
– Ele foi um vereador medíocre no Rio.
– Não é verdade.
– Ele sempre foi um deputado medíocre.
– Não concordo com isso.
– É medíocre e quer ser presidente do Brasil.
E o pai então reage com fúria e sinceridade:
– Pois saiba que ele é um racista brilhante.
E a filha joga o prato de feijão na cara do pai.
A mãe entra na sala e joga o prato de sopa no homem. O cachorro salta nas calças do sujeito e arranca um pedaço.
O homem reage aos berros:
– E depois dizem que ele e eu é que somos violentos.
O cachorro puxa as calças do homem, que sai de cuecas pela casa aos berros:
– Que Deus me proteja.
Na TV ligada, o candidato tucano de Pelotas ao governo do Estado diz que pode tudo com o coiso, mas tudo mesmo, menos vender sua alma.
A mulher joga o resto de feijão na tela da TV. O cachorro late desesperadamente para a TV, quando o tucano de Pelotas volta a dizer “minha alma”.
O cachorro latindo e a frase retumbando na sala: minha alma, minha alma, minha al…

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


3 + 5 =