A ARMA

Seu Mércio reapareceu na ferragem da Juca Batista, depois de um mês de férias na casa de uma filha em Bossoroca. E veio com uma tese sobre a fidelidade do eleitor de Bolsonaro, que não cai nem sobe nas pesquisas.

Esta é a tese do seu Mércio. Bolsonaro tem um público de classe média que ficou desamparado com o golpe. Achava que o cara continuaria sendo Aécio, e Aécio é apenas o maior corrupto impune dos tucanos.

Essa classe média assustada com a ascensão dos pobres esperava então que Alckmin fosse ressuscitado, ou que Meirelles, Álvaro Dias, Luciano Huck, Rodrigo Maia, Amoedo e outros dessem certo. Deu tudo errado.

Foram então empurrados para o colo de Bolsonaro. São, como mostram as pesquisas, gente com diploma, com bom emprego e bons discursos. É gente bem nascida.

No outro time dos adoradores de Bolsonaro estão os pobres mesmo, que não estão interessados com a ameaça de que sofrerão mais perdas (porque o sujeito nada promete para os pobres), mas apenas com uma coisa.

Os pobres desorientados, que se sentem representados por Bolsonaro, desejam apenas ter uma arma. Eles são antiPT e antiLula, mas são mesmo pessoas seduzidas pela ideia de que podem ser empoderados por uma arma.

E Bolsonaro promete uma arma para todos eles. O pobre moralista que ajudou no golpe e também se desiludiu e se sente traído pela elite da direita agarra-se ao que tem. Esse pobre foi usado pela Globo e pela imprensa em geral para ajudar na desqualificação da política.

Ele não quer mais saber de direitos trabalhistas, não quer a certeza de que vai se aposentar, não está preocupado com o SUS e com os direitos de gays, negros e mulheres. Nem garantia no emprego ele quer mais.

Este pobre reaça, que algumas pesquisas apresentam como pessoas não radicais e até meio ‘liberais’ (quando tratam dos jovens), quer odiar os políticos e quer uma arma. Para ele, Bolsonaro nem político é e não interessa o que possa ser.

Uma arma é só o que sobra de ilusão de poder para o pobre de direita. Esta é a tese do seu Mércio, guarda de rua na Aberta dos Morros. Seu Mércio sempre lembra que nunca usou uma arma.

 

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