A ARMINHA E A DESESPERANÇA 

Nunca em tempo algum, desde a redemocratização, o brasileiro começa um ano com tanta desesperança em relação a um novo governo.
É o que mostra o DataFolha. Apenas 65% dos brasileiros acham que Bolsonaro fará um governo ótimo ou bom.
Sim, apenas 65%, porque Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma começaram seus governos com índices acima de 70%.
O que essa pesquisa sempre revela é muito mais uma torcida, um desejo, do que expectativas reais. As pessoas querem apostar que terão uma vida melhor no ano que começa e com um novo governo. Por isso os índices que medem esse sentimento são geralmente altos. Menos com Bolsonaro.
Hoje, o sentimento geral é de vacilação. Bolsonaro terá que iniciar jogando para uma torcida desconfiada.
Poderá jogar com a correção do salário mínimo (uma decisão que, numa combinação com o jaburu, será dele), com o Bolsa Família e com outras medidas que lhe assegurem base popular.
Outro detalhe para que os bolsonaristas não se enganem. A pesquisa mostra que o povo quer prioridade à saúde, muito mais do que à segurança.
A história de que a liberação dos revólveres acalmaria o povo e o manteria ocupado limpando armas em casa, como pretende Sergio Moro, não é bem assim.
Bolsonaro, como disse Zé Dirceu, senta-se agora numa cadeira que queima. E ainda tem o Queiroz no colo. E os ministros sob investigação. E o Magno Malta, a Damares, o chanceler que conversa com o diabo, o ministro da Educação que vai caçar professores e estudantes comunistas.
Bolsonaro sempre foi, em 27 anos como parlamentar, um político medíocre, que nem do baixo clero do Congresso participava por falta de virtudes mínimas para ser apenas um mediano.
Terá condições de lidar com a complexidade da missão que assume? Bolsonaro precisará fazer muita força para distrair os já distraídos.
Passou a fase de brincar de arminha e de reduzir qualquer argumento e qualquer desafio a isso daí.
Que fracassem os articuladores dos planos contra as conquistas sociais, contra o povo, o trabalho, o patrimônio público, a educação, a saúde, as diferenças, as liberdades e a democracia.
Que dê tudo errado e o Brasil consiga, logo adiante, corrigir seus erros e fazer a coisa certa.

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