A DESCULPA DO MOTORISTA

O que o motorista Fabrício Queiroz irá dizer amanhã aos promotores sobre a conta que movimentou R$ 1,2 milhão, incluindo os R$ 24 mil depositados na conta da futura primeira-dama?

Vou antecipar uma desculpa possível. Aí está, para quem quiser anotar:

O motorista vai dizer que os assessores do deputado Flavio Bolsonaro depositavam parte dos salários (ou o salário inteiro, às vezes por engano) na conta dele porque ele é quem centralizava o recebimento de doações para uma igreja.

O motorista sacava depois os valores e encaminhava as doações em dinheiro vivo. Vão aparecer recibos dessas doações a uma ou mais igrejas do Rio. Tudo dinheiro da fé, porque os assessores têm Deus acima de todos.

Flavio Bolsonaro não sabia de nada. Bolsonaro pai também não. Nem os outros dois irmãos. Só ele, os doadores, o pastor e Deus.

Bolsonaro pai só sabia da devolução dos R$ 24 mil do empréstimo que havia feito ao motorista. O dinheiro foi parar na conta da mulher de Bolsonaro, como já se sabe, porque Bolsonaro não ia nunca ao banco (só passou a ir, quase todos os dias, depois de eleito, para conferir o saldo num caixa eletrônico da Barra da Tijuca).

A história das doações já está acertada com os doadores. Poderemos ter o depoimento de um pastor, que irá chorar no Jornal Nacional ao contar que recebia essa dinheirama dos assessores fantasmas de Bolsonaro.

Onde ele aplicou o dinheiro? O dinheiro se misturou a outros dinheiros que ele recebe e está no meio da confusão da contabilidade de uma igreja, que sempre é complicada.

O motorista também irá dizer que a movimentação não aparece no seu Imposto de Renda porque ele é um sujeito muito atrapalhado. Mas que logo irá ajustar isso com a Receita.

Pronto, está explicado. E teremos então o período de festas diversas, até março, quando tudo terá sido esquecido.

(A outra desculpa, mais complicada, pode ser esta: os assessores pagavam todo mês pela compra de perfumes, enfeites e bugigangas que Queiroz negocia no Rio. Depositavam logo depois do recebimento dos salários porque isso, é claro, era o combinado.)

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