A DÍVIDA

Se me perguntassem o que ganhei com a Copa, eu diria que ganhei a chance de conhecer Daniel dos Santos Ferreira, o moço da foto.
Daniel é um dos milhões de brasileiros que tentaram obter alguma renda com a Copa.
Instalava-se no canteiro de uma rótula da Avenida Juca Batista, na Aberta dos Morros, estendia os varais de camisetas e bandeiras e sentava-se à espera de compradores. Quase ninguém aparecia.
As bandeiras são feitas por ele mesmo e pela mulher, Beatriz, aqui na zona sul de Porto Alegre.
Um dia, fui puxar conversa com Daniel, pensando que ficaria uns minutos no canteiro. Fiquei meia hora. Ele sabe que a direita que se apropriou da camiseta e da bandeira esculhambou com seu sonho de ter uma renda extra com a Copa.
Hoje, a chuva o alertou de que deveria ir embora antes do final do jogo com a Bélgica, porque nada daria certo. Daniel retirou-se antes da frustração.
Mais do que a seleção fracassada, os destruidores de símbolos têm uma dívida com Daniel e Beatriz. Um dia eles saberão cobrar o que roubaram deles.

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