A Justiça e os estupradores
Monica Iozzi foi processada por Gilmar Mendes porque o criticou por ter libertado o médico estuprador Roger Abdelmassih, depois de sua condenação a 278 anos de prisão por 58 estupros.
A atriz escreveu na internet que, ao mandar libertar o médico tarado, que acabou fugindo do país, Mendes tornara-se cúmplice de um violentador. Teve que pagar R$ 30 mil por danos morais, por decisão da 4ª Vara Cível de Brasília.
Até hoje, o violentador de pacientes anda de um lado para outro, da cadeia para casa, de casa para algum hospital para ricos e impunes.
O outro caso é o de Jair Bolsonaro, que disse em entrevista que só não iria estuprar a deputada Maria do Rosário porque ela não merece. Mesmo reincidente com suas agressões covardes à deputada, foi condenado agora pelo Superior Tribunal de Justiça a pagar apenas R$ 10 mil de indenização.
Bolsonaro foi condenado e terá de se retratar na internet, o que já é um consolo (alguém esperava que ele fosse absolvido?).
Mas o custo da declaração criminosa do estuprador assumido, que agride uma colega deputada e assim ataca todas as mulheres, é R$ 20 mil mais baixo do que o preço pago por Monica por ter criticado o ministro do Supremo que mandou soltar um estuprador.
Os personagens são emblemáticos. Um juiz sempre envolvido em controvérsias pró-direita e sorteios estranhos, um deputado que se autoproclama violentador e já foi denunciado como racista e homofóbico e um médico estuprador. Do outro, uma atriz e uma deputada, as duas determinadas e valentes. Três homens, duas mulheres, além das dezenas de vítimas do médico tarado.
No Brasil, há estupradores e estupradores, juízes e juízes. E há ofendidos e ofendidas. E mais as vítimas.
O Judiciário brasileiro agora é desmoralizado até pelos estupradores.