Ana Júlia, Delfim e os jornalistas

Um momento constrangedor para o jornalismo brasileiro. Delfim Netto, ex-poderoso da ditadura, escreve na Folha um artigo em defesa do pensamento crítico, em reconhecimento ao já famoso discurso da estudante Ana Júlia Ribeiro na Assembleia do Paraná.

Do outro lado, li hoje mais um artigo de um colega jornalista da turma que se organizou para tentar desqualificar Ana Júlia. O argumento é o mesmo do kit básico deste grupo: ela e os estudantes das ocupações das escolas seriam manipulados pelos políticos.

Delfim morde e assopra, como sempre, para fazer média com os estudantes mas também tripudiar as esquerdas. Mas reconhece a relevância do gesto de Ana Júlia. E os jornalistas não conseguem esconder o prazer que sentem em bater em Ana Júlia.

Não há como não devolver a pergunta que eles mesmo fazem: em nome de quem mordem os jornalistas que depreciam a fala de uma menina de 16 anos e assim conseguem ser mais reacionários do que um ex-ministro da ditadura?

Delfim defende, falando dos estudantes, “a construção de um espírito crítico que alimente a escolha consciente”. Os jornalistas já tiveram essa chance e fizeram suas escolhas, que inclui agora os ataques a uma adolescente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


8 + 2 =