AS CRIANCINHAS DA GLOBO

Quando fez o gol mil, Pelé produziu a famosa frase com o apelo: “Pensem nas criancinhas”. Mas o Brasil não embarcou na conversa e no choro do craque que nunca fez nada de muito importante pelos negros e pelas criancinhas pobres.

A Globo é o nosso Pelé permanente com essa campanha anual da Criança Esperança. Um grupo que sempre conspirou contra projetos de esquerda que poderiam mexer nas estruturas das desigualdades (que maltratam as crianças porque antes maltratam os pais das crianças) passa o chapéu para que tudo continue como está.

Para a Globo, as nossas misérias podem ser resolvidas com altruímos patrocinados. Uma corporação gigantesca usa seu poder de comunicação para se apropriar da ideia da benemerência como substituta, e não como complementar de uma política transformadora e de ações coletivas permanentes e efetivas.

Prevalece o marketing oportunista da solidariedade eventual, para que alguns se consolem com um gesto por ano pelas criancinhas. Quem puder, que doe trinta reais e acalme sua consciência. A Globo usa as criancinhas para parecer bondosa.

Pergunte aos donos da Globo se eles pagariam mais impostos, para que as criancinhas e suas famílias, suas escolas e suas comunidades não dependessem das suas campanhas de donativos.

(Pretendia escrever duas linhas e saiu tudo isso, sob inspiração de um post do Zé Adão Barbosa, que li ontem e dizia o seguinte: “Deve ser foda pra alguns artistas da globo terem que apresentar “criança esperança”. Eu morreria de vergonha”.)

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