Claudio Guedes e As prioridades & os vivaldinos

Compartilho esse artigo do meu amigo Claudio Guedes sobre a destruição da educação, da pesquisa e dos pesquisadores.

Prioridades & vivaldinos
Claudio Guedes

No dia 2 de fevereiro do ano passado (2018), a Folha de S. Paulo revelava que o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do MPF na Operação Lava-Jato, recebia R$ 6.659,73 de verbas indenizatórias por mês.

Esse tipo de benefício, que inclui auxílio-alimentação, auxílio-transporte e auxílio-moradia, não está sujeito ao teto constitucional. Desse valor, R$ 4.377,73 correspondia ao auxílio-moradia, apesar do procurador morar num apartamento próprio, extremamente luxuoso, em bairro nobre da cidade onde mora e trabalha. O então juiz Sérgio Moro, também morando a apenas 3 km onde trabalhava, em imóvel próprio, recebia o mesmo valor mensal de (sic) auxílio-moradia.

Hoje, 22/9, vejo na mesma Folha de S. Paulo reportagem sobre a situação crítica do CNPq, autarquia de fomento à ciência e à pesquisa no país, que um estudante de Mestrado recebe do órgão R$ 1.500,00 por mês. E um estudante de Doutorado, que são os futuros professores de alta especialização e cientistas formados pelo país, recebem R$ 2.200,00 por mês.

Os valores das bolsas representam cerca de 1/4 a 1/3, respectivamente, do valor que Deltan Dallagnol, procurador da República, recebe apenas de verba indenizatória. Ou cerca de 1/3 e 1/2 dos auxílios-moradias pagos a juízes, que, como os procuradores da República, possuem salários base acima de R$ 24.000,00/mês, aos quais se somam as verbas indenizatórias.

Esta discrepância é parte da tragédia do estado brasileiro.

Não apenas revela que vivaldinos servidores do estado – alguns dos quais se fantasiam, para deleite de uma classe média-alta ignorante, de salvadores da pátria – se locupletam do tesouro do estado em benefício pessoal, como expõe a estupidez das escolhas nas prioridades na aplicação dos recursos públicos. Pagar como bolsa de Doutorado a metade do valor do auxílio-moradia de juízes e procuradores? Bolsas que muitas vezes são os únicos recursos para que os futuros cientistas comam, morem e paguem todas as despesas? Insano.

E hoje, com o desgoverno Bolsonaro, o CNPq anuncia que não sabe se terá recursos para garantir as bolsas já concedidas até o final do ano.

Enquanto isso, os bacanas servidores da justiça, discutem se podem ou não agregar aos polpudos salários & benefícios, a atividade de palestrantes remunerados que engordam a renda dos artistas (sic), em alguns casos, em mais duas ou três centenas de milhares de reais ao ano.

É o Brasil. Um país onde a desigualdade e a vigarice imperam. E educação e ciência são áreas mal-tratadas.

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