DALLAGNOL AINDA PRECISA EXPLICAR O PLANO BILIONÁRIO

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de homologar o acordo sobre o destino dos R$ 2,6 bilhões da Petrobras encerra uma parte do imbróglio, mas não toda a história.

Pelo acordo, o dinheiro que Deltan Dallagnol queria para uma fundação irá para a educação e para a Amazônia. É uma boa decisão, mas ainda falta muito para que a questão toda seja esclarecida.

Sabe-se que a tentativa de Dallagnol de se apropriar do dinheiro via fundação só foi barrada porque houve reação generalizada (inclusive nas redes sociais), e até a procuradora-geral, Raquel Dodge, ajuizou uma ação no Supremo para impedir que prosperasse a ideia de um subordinado sem escrúpulos.

Em nome da transparência que os lavajatistas tanto defendem, falta esclarecer como Dallagnol se envolveu no projeto, qual era a intenção dele e de seus colegas e que delito está configurado nesse sequestro.

O juiz Sergio Moro, que comandava a Lava-Jato, tinha alguma participação? Dallagnol foi adiante no projeto sem o aval do juiz que orientava suas atitudes em Curitiba?

Uma tentativa de furto, agressão ou homicídio não se esgota com a interrupção da ação. A tentativa de apropriação de um fundo público, com recursos de uma estatal, não pode ser encerrada como se nada tivesse acontecido.

Deltan Dallagnol tinha o projeto de ganhar muito dinheiro com palestras, o que era no mínimo estranho, mas até aceitável por alguns colegas e juristas amigos. O que nunca seria razoável era o plano de desviar os R$ 2,6 bilhões para uma fundação de combate à corrupção.

Não há nada semelhante talvez no mundo todo. Não há combate à corrupção que possa dispor do equivalente a uma vez e meia o orçamento total de uma universidade do porte da UFRGS.

Quem cuidaria do dinheiro? O procurador precisa dizer que estrutura estava montando para gerir a fortuna.

Mas quem irá obrigá-lo a isso? O recurso formal esgotou-se com a ação por descumprimento de preceitos fundamentais (ADPF), que Raquel Dodge encaminhou em março ao STF? Nada mais será feito no sentido de forçar o procurador a se explicar?

Enquanto isso, já noticiam que Dallagnol continua dando palestras por aí. Ele até pode dar palestras. O problema, numa hora dessas, é de quem se dispõe a ficar mais de uma hora escutando o que ele tem a dizer. E o que Dallagnol tem a dizer?

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