Faoro e a OAB

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Conversei uma vez por telefone com Raymundo Faoro. Ele falava com dificuldade por causa de um enfisema que o mataria em 2003.

Lembro bem de uma queixa que fez, sem pedir segredo. Não podia lecionar, porque não tinha títulos acadêmicos. O autor de Os donos do poder, livro sempre citado entre as 10 mais importantes obras sobre o Brasil, não podia ser professor porque não era doutor.

Ninguém o convidava para dar aulas, mesmo que fossem eventuais, de extensão, ou enquadradas em algum projeto fora dos currículos formais das universidades, ou clandestinas.

Me lembrei de Faoro porque o que se questiona hoje, quando se fala das instituições silenciosas ou omissas diante dos desdobramentos do golpe, é a indiferença constrangedora da OAB em relação a desmandos variados.

A OAB é hoje uma entidade amorfa, sem vigor, resignada ao que está dado. A Ordem deveria rever as aulas de postura cívica do professor Raymundo Faoro, seu valente presidente nos momentos duros da etapa final da ditadura, para que não venha a ser reduzida a uma entidade meramente corporativa e, já dizem alguns advogados, recreativa.

 

 

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