Mais uma aula de Dallagnol
A empáfia professoral do pessoal da Lava-Jato é insuperável. O procurador Deltan Dallagnol lançou esta semana o livro “A Luta contra Corrupção” e teve mais uma chance de exibir sua soberba nas entrevistas que deu sobre a obra.
O procurador chefe da força-tarefa de Curitiba aborda de novo a famosa rosácea do powerpoint com as bolinhas azuis, apresentada em setembro do ano passado. O desenho infantil colocava Lula no centro de uma quadrilha, mas sem provas e com muitas convicções.
É disso que ele fala numa entrevista à Folha, do folclore que se criou em torno das declarações feitas na coletiva do powerpoint de que o Ministério Público não tinha provas do que mostrava, mas tinha convicções.
Dallagnol reafirma que nunca disse isso e está certo em parte. Mas está errado no básico, no elementar, no que interessa, que foi o conflito de opiniões revelado pelos procuradores naquela entrevista. No fim, no conjunto, no jogral, a frase existe.
Ele diz que as redes sociais criaram “um frankstein” ao atribuírem a frase a ele. Na verdade, os próprios procuradores são os responsáveis pela tal criatura.
Só para relembrar. Na coletiva, o procurador Henrique Pozzobon afirma: “Não teremos aqui provas cabais de que Lula é o efetivo proprietário no papel do apartamento”.
Mais adiante, talvez na tentativa de corrigir a gafe do colega, Dallagnol diz: “Dentro das evidências que nós coletamos, a nossa convicção, com base em tudo que nos expusemos, é que Lula continuou tendo proeminência nesse esquema, continuou sendo líder nesse esquema mesmo depois dele ter saído do governo”.
Pozzobon e Dallagnol são acusadores, é a função deles. Estavam ali para tentar apresentar um conjunto coerente de informações que resultasse na acusação de que Lula era chefe da quadrilha. Como acusadores-investigadores, cometeram o erro do desencontro.
Se fossem testemunhas de um crime, e não acusadores, os dois seriam vistos com desconfiança ou descartados, se aparecessem diante de um delegado para apresentar o mesmo ponto de vista sobre o que dizem saber.
O primeiro diria que acha que a pessoa apontada é o criminoso, mas que ele não tem provas, não tem certezas cabais. O segundo apareceria para dizer que, apesar de o outro não ter provas, ele e seus colegas têm convicções. E desenharia o que acha que sabe.
Dallagnol é um grande defensor da tese da relativização do que pode afinal ser uma prova. É uma tendência nesses tempos de justiceiros infalíveis. Chegamos à Era do Tíquete de Pedágio como prova.
Prova, nesses termos, pode ser o que um procurador acha que é, mesmo que a maioria entenda que não seja. Talvez por isso as instituições nunca encontrem provas capazes de condenar um tucano.
Esta frase é do procurador: “Provar é argumentar”. É fraca, serve para qualquer coisa na vida, na Justiça, no amor, no trabalho ou no futebol. Serve inclusive para dar veracidade a mentiras.
No episódio do powerpoint, tudo que eles não conseguiram foi argumentar em grupo com coesão e coerência.
Por isso a tal frase das provas e das convicções não é uma invenção, é uma obra coletiva de todos eles.
Moises leia a coluna da ombudsman da Folha sobre a greve ela termina tocando flauta em todas as redações.
oLÁ MOISÉS
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AGUARDO