MORO, A POLÍCIA E OS GATOS

Poucos têm a coragem de levantar publicamente a hipótese apresentada pelo jornalista Luis Nassif: o uso da polícia do governo para tentar amedrontar o Intercept e interromper o vazamento de informações da Lava-Jato.

E a polícia do governo é, fora outros arapongas que agem nas sombras, a Polícia Federal. Nassif levantou hoje a possibilidade de uso da PF para, num gesto extremo de Moro, apreender equipamentos e documentos do jornal e fazer prisões preventivas determinadas pela Justiça amiga dele.

Isso porque Moro já tentou associar os vazamentos à informação que ele deu (muito antes da VazaJato) a respeito da invasão do seu celular. Moro dá a entender que as duas coisas são parte da mesma ação.

E sendo parte da mesma ação, é preciso agir apara proteger as instituições. Não que o Intercept tenha devassado suas comunicações e a dos procuradores a ele subordinados. Mas ele pode dizer que o Intercept poderia ter em seus arquivos informações que levariam ao hacker ou ao grupo de hackers que Moro pensa existir.

Moro também já disse que, além dele e dos procuradores, parlamentares podem ter sido vítimas das ações. O que ele quer dizer é: estamos tentando proteger não só o Ministério Público e o Judiciário, mas também vocês, os congressistas e a democracia.

O ex-juiz tenta compartilhar preocupações, quando tudo o que se sabe até agora é que que ele e seus procuradores foram vasculhados (além de Rodrigo Janot, que deveria, pela lei, ser o chefe dos procuradores). Não há até agora políticos como vítimas.
Leiam o que Nassif escreve: “A ideia de que há um crime em andamento confere a Moro uma carta na manga: pode recorrer ao “estado de flagrante delito” para, mais cedo ou mais tarde, deflagrar ações que atinjam o Intercept. As diligências no âmbito de uma possível operação policial incluem medidas como busca e apreensão, prisão preventiva e condução coercitiva – tudo que está no menu da Lava Jato, como o Brasil inteiro bem sabe há alguns anos”.

Agora, outra informação que Nassif não aborda, mas que merece preocupação. A Lava-Jato era uma usina de arapongagem, com ações em todas as frentes, incluindo o mundo das comunicações, da internet, dos telefones.

Moro fez arapongagem fora da lei quando grampeou os telefones do escritório dos advogados de Lula, para antecipar-se às suas estratégias. Admitiu o grampo, mas disse que cometeu um erro, porque imaginava que os fones do escritório eram os da fundação mantida por Lula. Uma desculpa esfarrapada.

O ex-juiz poderia agora acionar esses arapongas para dar sustos? Mas sustos em quem? Em qualquer pessoa que ele considerar uma ameaça às instituições, como fez na Lava-Jato com o argumento da caçada a corruptos.

A polícia nazista perseguia com preferência os judeus que tinham gatos em casa. Porque Hitler odiava os gatos.

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