MORO DESPREZA TEORI PARA FICAR BEM COM O MBL

O áudio em que Sergio Moro pede desculpas aos tontos do MBL permite várias abordagens. A primeira e que se repete desde ontem é esta: por que Moro pede desculpas aos líderes militantes da extrema direita, se ele mesmo diz que não sabe se os chamou de tontos?

De qualquer forma, Moro pede desculpas de forma categórica, repetitiva, como se estivesse se dirigindo a uma respeitada organização de defesa dos direitos humanos ou como se pedisse clemência.

E aí surge a segunda questão: por que pedir desculpas aos tontos do MBL em nome da Lava-Jato, se essa é uma operação sob o comando do Ministério Público Federal?

O ex-juiz estaria admitindo que ele é quem mandava em Deltan Dallagnol. O chefe da Lava-Jato de fato, e não só da vara especial da Justiça Federal em Curitiba, seria ele.

Não acho grave, porque Moro apenas faz o que sempre fez. Apresenta-se como herói, porque recebeu a missão de levar os processos adiante de qualquer jeito, passando por cima de tudo e de todos.

Moro sempre se apresentou não só como juiz, mas como investigador e acusador, e isso é reafirmado agora pelas mensagens divulgadas pelo Intercept e pela Folha. Não acho que tenha novidade. É mais do mesmo.

O mais grave é fato de que um ex-juiz dedicado a combater a corrupção e agora ministro da Justiça pede desculpas a uma organização que tem como ação política prioritária espalhar o ódio e a discriminação e desqualificar a Justiça.

Note-se, desde a divulgação da troca de mensagens vazadas, que Moro está preocupado com a repercussão da ação dos tolos militantes do MBL, porque eles faziam arruaças diante da casa do ministro Teori em Porto Alegre, chamado pelos fascistas de traidor e militante do PT.

Aquilo não pega bem. “Isso não ajuda”, diz Moro, ao pedir providências ao procurador que tratava somo subalterno. Teori era considerado pelo MBL e também pela Lava-Jato, como se vê mais claramente agora pela troca de mensagens, um risco para as arbitrariedades da operação.

Mas Sergio Moro não manifesta preocupação com as ofensas ao ministro, mas com os melindres que aquilo pode causar. Agora, ao pedir desculpas ao MBL, Moro comete mais um erro e se rende à organização que mais atacou Teori.

Só que Teori não era o inimigo da turma de Curitiba, era um ministro do Supremo, relator da Lava-Jato no STF. Moro, como homem da Justiça, como guru dos justiceiros, deveria ter protegido Teori, um juiz da mais alta Corte do país.

Mas, entre ficar quieto e ficar ao lado do MBL – quando poderia também ter ficado ao lado de Teori –, o ex-juiz optou pelo caminho político que mais lhe favorece, mas também mais o expõe como ex-magistrado.

Moro não defende a memória do ministro e tampouco defende o Supremo, porque politicamente o que importa agora é fazer média com a extrema direita que atacou Teori. Moro pede desculpas aos que ofendiam Teori com agressividade.

Mas Teori está morto. E, por mais absurdo que pareça, no Brasil em que os absurdos prosperam, Moro quer ser ministro do Supremo.

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