O Brasil é do tamanho de Curitiba

É compreensível que o juiz Sergio Moro tenha guardado suas explicações para segunda-feira, para não estragar seu domingo.

Mas em algum momento ele terá de se manifestar sobre a mais nova informação em torno das relações do mafioso Rodrigo Tecla Duran com o advogado Carlos Zucolotto Júnior.

Primeiro, Duran acusou Zucolotto (amigo íntimo de Moro e seu padrinho de casamento) de tentar negociar acordos paralelos de delação. Seria o mercado negro dos acordos, com a intermediação de um advogado íntimo do juiz-chefe da lava-Jato.

O mesmo Duran, que é advogado e trabalhou para a Odebrecht e sabe tudo dessas máfias, tinha o escritório de Zucolotto como seu representante ou correspondente em Curitiba.

E quem era sócia do escritório? A mulher do juiz Moro. A notícia nova, publicada no Radar da Veja, é que a Receita Federal sabia, e o Ministério Público da Lava-Jato também sabia, mas não revelou nada, que Duran fez pagamentos ao escritório de Zucolotto, onde Rosângela Moro trabalhava.

Duran foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha e fugiu para a Espanha. Seu caso é complicado e complica também o juiz, que cuida do processo em Curitiba.

Tem mais. A defesa do ex-presidente Lula pediu que Duran fosse sua testemunha em processo que corre em Curitiba. O juiz não caiu na armadilha (ou caiu) e negou o pedido. Moro não quer ver nem a sombra de Duran por perto.

Seria o caso de examinar também aqui a teoria do domínio do fato e seus desdobramentos? Ou tudo isso é mera coincidência?

O advogado de Curitiba amigo do juiz tentando vender acordos, o mafioso da Odebrecht que solicitava serviços ao tal advogado, e a mulher do juiz como sócia do sujeito dos acordos paralelos e ex-prestador de serviços ao cara da Odebrecht. O Brasil é muito pequeno. É do tamanho de Curitiba.

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