Não se esqueçam do Caso Chaparini

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As ocupações de escolas contra a PEC 241 e outras crueldades do golpe ajudam a reavivar um caso que não pode ser esquecido. É o caso Chaparini.

Durante a desocupação da Secretaria da Fazenda do Estado, em 15 de junho, a Brigada prendeu um grupo de estudantes, um jornalista e um cinegrafista. Os estudantes protestavam contra o governo do Estado.

Dez adultos foram indiciados, denunciados e transformados em réu. O jornalista é o repórter Matheus Chaparini, do Jornal Já, que trabalhava no momento da desocupação. Estava lá e também é réu o cinegrafista freelancer Kevin D’Arc.

Apesar da argumentação de Elmar Bones, diretor do Já, de que Chaparini estava trabalhando, apesar das imagens feitas na hora (pelo próprio repórter), que mostram que ele se identifica como jornalista aos policiais, apesar da obviedade de que o jornalista deve estar o mais próximo possível do fato que se dispõe a cobrir, apesar disso tudo, Chaparini é réu. Ele, Kevin e mais oito pessoas responderão a processo na 9ª Vara Criminal do Foro Central.

São acusados de dano qualificado ao patrimônio, resistência, associação criminosa e atentado contra a liberdade do trabalho (quando se impede alguém de exercer sua atividade). Chaparini tem mais uma acusação: corrupção de menores, porque havia adolescentes entre os que ocuparam a Secretaria.

Mesmo estando o tempo todo ao lado de ocupantes de um prédio, isso não quer dizer que o repórter também seja parte do protesto. Na idade de Chaparini, a maioria dos jornalistas fez (alguns veteranos continuam fazendo) algo semelhante ao fato que ele protagonizou naquele dia na Secretaria da Fazenda. No meu caso, nunca fui enquadrado e incriminado (e os tempos eram de ditadura).

Chaparini é réu desde 19 de setembro, mas ainda não foi notificado. O Ministério Público, ao denunciá-lo, fez uma proposta que o jornalista percebeu como armadilha: o inquérito seria arquivado, se ele se dispusesse a se apresentar em juízo a cada três meses, durante dois anos. Seria a admissão de culpa.

A grande culpa de um repórter se manifesta e o atormenta quando da omissão diante de fatos que exigem abordagem corajosa. Matheus fez o que deveria ter feito.

Muitos gostariam de cobrir ações da Brigada sempre às costas dos policiais, porque é confortável, é oficialesco e não incomoda governos e autoridades. Matheus não pode ser condenado por ter sido jornalista.

2 thoughts on “Não se esqueçam do Caso Chaparini

  1. balela. o chaparini é MUITO MAIS MILITANTE QUE JORNALISTA. conheço.
    E na OCUPAÇÃO ELE MUITO MAIS INTERFERE NA AÇÃO D ABRIGADA QUE REGISTRA ALGUMA COISA.
    PERDEU.

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