O ACORDO, A FARSA E A TERRA PLANA

Esta foto é de 17 de junho de 2010 em Teerã. É a imagem do desfecho do esforço da diplomacia de vários países pela paz mundial e que os americanos transformaram no retrato de um fracasso.

Foi quando o Brasil intermediou o acordo nuclear com os irarianos, e Lula e o chanceler Celso Amorin foram alçados à condição de grandes líderes mundiais. Mas nada deu certo, porque os Estados Unidos haviam armado uma farsa.

É bom que se fale disso agora, quando o acordo completa nove anos, cresce de novo a ameaça de conflito entre os EUA e o Irã e a diplomacia brasileira é conduzida por terraplanistas.

Amorim falou da reunião de junho de 2010 quando esteve em Porto Alegre há exatamente um ano para palestra no Teatro Dante Barone.

O diplomata contou que ele e Lula viajaram para Teerã com a minuta da proposta americana. Depois de 20 horas de reuniões, deu tudo certo, com ajustes em detalhes.

Estavam lá Lula, o presidente iraniano Ahmadinejad e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. A foto do entendimento correu mundo.

O Brasil assumia protagonismo mundial no esforço para afastar o Irã da tentação nuclear (mesmo que o contrário, em relação aos Estados Unidos, nunca fosse imaginável).

Amorim e Lula retornaram ao Brasil por Paris, de onde o chanceler telefonou para a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Faltava o sim dos EUA. O entusiasmo do brasileiro foi jogado no ralo logo depois da primeira frase.

Hillary disse que não era nada daquilo. Que ele e Lula haviam entendido tudo errado. Que o acordo não existia. Amorim insistiu que o acordo tinha tudo que os americanos queriam. Hillary devolveu que não era bem assim. E a conversa foi encerrada.

Os EUA haviam sido surpreendidos pelo êxito da reunião. Eles não queriam e não acreditavam no acordo.

O chanceler contou a história na palestra em Porto Alegre com bom humor. Em 2010, por esse gesto em Teerã, que teve reconhecimento mundial (apesar da farsa do governo Obama), e de outras ações ousadas na diplomacia, Amorim foi escolhido pela importante revista americana Foreign Policy, especializada em relações internacionais, como sexto Pensador Global mais importante do mundo numa lista de cem personalidades.

Mas isso aconteceu nove anos atrás. Irã e Estados Unidos voltaram a brigar, e o Itamaraty foi entregue por Bolsonaro a um sujeito que acredita em Olavo de Carvalho e na Terra plana.

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