O AMIGO DO JUIZ E O MAFIOSO

É respeitável um argumento que tem circulado nos últimos dias sobre a denúncia reiterada de Tacla Duran de que um amigo do juiz Sergio Moro, o advogado Carlos Zucolotto, tentou negociar com ele um acordo de delação.

O argumento é este: parem de falar do juiz, porque ele não tem nada com isso.

Vamos por partes. Foi a partir da denúncia de Tacla Duran que se chegou à informação de que a mulher do juiz havia sido sócia de Zucolotto. E de que Zucolotto prestava, formalmente, serviços a Tacla Duran antes de os dois se desentenderem.

Quando a denúncia da tentativa de venda de delação foi publicada pela primeira vez, em 27 de setembro, pela jornalista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, o juiz saiu em defesa do amigo em nota à imprensa. Tacla Duran nunca acusou o juiz. Acusou o amigo do juiz. Mas o juiz defendeu o amigo e atacou e desqualificou o mafioso da Odebrecht.

É óbvio que a insistência com que as redes sociais tratam do caso, a partir da primeira informação publicada pela Folha, só tem uma explicação. A denúncia envolve o amigo e padrinho de casamento do juiz, que era sócio da mulher do juiz.

Não há como não ignorar essa relação. Um mafioso que está sendo processado e é foragido da Justiça na Espanha diz que seu ex-parceiro em bancas de advocacia é vendedor de acordos de delação. O ex-parceiro era sócio da mulher do juiz e foi padrinho de casamento do juiz. E tais relações deveriam ser ignoradas? Claro que não.

Ninguém está dizendo que o juiz tem envolvimento com Zucolotto. Ninguém diz que a mulher do juiz também está sob suspeita. Mas existem as relações entre o mafioso da Odebrecht e o advogado amigo do juiz e deste com a mulher do juiz. Pronto, é isso. E não é pouco.

Mas o juiz, na pressa, porque é um magistrado ágil, saiu em defesa de Zucolotto. Eu acho que quem deveria se defender é o próprio acusado de pertencer à panela de venda de delações em Curitiba.

Mas o juiz sabe quem deve acusar e defender. Aliás, corrigindo, juiz não acusa nem defende, juiz julga. Foi o que aprendi no Alegrete. Mais tarde também aprendi que o melhor julgamento é com o Supremo e com tudo.

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