O BOLSONARISTA FIEL

Bolsonaro está acabando com a estrutura de saúde pública, com a distribuição de remédios, com o Mais Médicos, com a universidade pública, com direitos sociais, com empregos e até com as expectativas dos empresários, por mais precárias que fossem.

Bolsonaro é um destruidor de conquistas históricas, de planos e de sonhos. Ele destrói até a reputação dos militares. Mas há um detalhe enfatizado nas pesquisas recentes, que mostram que sua aprovação cai sem parar.

Bolsonaro não perde o apoio da sua base, principalmente dos ricos (gente com diploma, dinheiro, carreira e uma boa dose de ódio de classe, homofobia e xenofobia que saíram do armário).

Uma pesquisa da CNI, há mais ou menos um mês, já havia mostrado isso. E a XP Investimentos e a startup Arquimedes, que analisa a política a partir do comportamento das redes sociais, reafirmaram essa fidelidade essa semana.

O eleitor fiel de Bolsonaro, aquele que assegura uma base de 18% a no máximo 20% do eleitorado, e que puxava sua candidatura até a facada, continua com o homem. É o eleitor macho, bem de vida, rico e da velha classe média, misturado a outras faixas minoritárias, inclusive da classe média baixa.

Os desencantados, que reduziram em um terço o apoio ao homem, desde janeiro, são os que podem ter votado nele, mas não são bolsonaristas de raiz. São os que a Arquimedes chama de neutros, que podem ir para qualquer lado. Muitos são jovens e pobres.

O que as pesquisas revelam é o sentimento geral: o bolsonarista assumido não recua, não se arrepende, não admite erros. Porque tudo o que Bolsonaro faz (destruição dos serviços públicos, reforma da previdência, depreciação da educação e da cultura e exaltação do machismo, da arma e do autoritarismo) é o que esse eleitor pede.

Então, quem olha para os lados na firma, na vizinhança, na família e nas amizades e não vê recuos de bolsonaristas não deve se surpreender. É isso mesmo. O bolsonarista não está frustrado, nem constrangido.

A maioria bem de vida, que é o eleitor clássico da base bolsonarista, acha que não perde quase nada com o desgoverno. E o eleitor de classe média baixa e/ou pobre que aderiu ao apelo da direita, que foi ludibriado em meio a frustrações crônicas e ignorâncias (sim, por não conseguir entender a própria realidade, por acreditar em mentiras e por seguir orientações moralistas ditas ‘religiosas’), esse levará um tempo até se dar conta do que está acontecendo.

Mas a perseverança do eleitor bolsonarista ortodoxo não significa que o bolsonarismo como projeto de fenômeno de massa vá sobreviver. O bolsonarismo talvez estacione nos 20% dos que o percebem como ideia, nem que seja apenas como contraponto ao PT.

O bolsonarismo será cada vez mais um nicho da extrema direita, e apenas isso, enquanto o governo se divide e naufraga e a maioria salta fora. É o que as pesquisas e a realidade estão dizendo.

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