O cerco na imprensa e na universidade

Tenho conversado com professores e jornalistas que, nos últimos meses, sentem o crescimento do cerco da direita nas universidades privadas e na imprensa. Eles sabem do que falam, porque alguns são vítimas desse cerco.
O golpe aprimorou seus mecanismos de controle e amordaçamento de profissionais ‘fora da linha’. São reduzidas as chances para o exercício da diversidade e a discordância. Só se forem meramente retóricas e como instrumento do marketing do cinismo.
Universidade e imprensa são protagonistas sem pudor da política do garrote que, como fizeram na ditadura, vai calar muitas vozes por muito tempo, com a ajuda de todas as frentes golpistas, do governo, do Congresso, das empresas e de parte do Ministério Público e do Judiciário.
Mas, ao contrário do que aconteceu dos anos 60 aos 80 do século passado, hoje a resistência substantiva, efetiva, fora desses ambientes, é quase nula. Por isso prospera a limpeza política só aparentemente sutil. A caçada é explícita e devastadora. Pensar é cada vez mais uma atividade de risco.
O golpe avança. Está solto o macartismo do século 21. Como diz o poema de Eduardo Alves da Costa, eles já pisaram nas flores e mataram nosso cão. Agora, testam nossos medos e começam a nos calar.
Seus filhos, seus amigos, seus vizinhos, sua namorada, seus colegas podem ser os próximos.

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