O cinismo americano

Volto do cinema recompensado por ter me divertido com “Feito na América”. Fui arrastado e saí bem faceiro. Tom Cruise está impagável, como se dizia antigamente. E Doug Liman sempre acerta a mão, misturando aventura, comédia e drama em doses iguais para contar a história verdadeira do piloto de avião que fazia jogo duplo trabalhando para a CIA e para traficantes colombianos.
O filme é mais um escracho com a moral americana da defesa da democracia e da rigidez da política antidrogas, quanto tudo que eles fazem é o contrário. Doug Liman não poupa o cinismo de ninguém, de republicanos ou democratas.
Mudaram muito os tempos mostrados no filme, em que os interesses dos Estados Unidos ainda dependiam de armas, aventureiros, mercenários, professores de tortura e generais ditadores para combater e golpear as esquerdas na América Latina.
Este artesanato bélico foi trocado pela ‘sutileza’ das ações locais ‘limpas’ e civis, articuladas apenas por um Quadrilhão de corruptos e o apoio de um Judiciário seletivo. Com 300 picaretas, um pato e alguns juízes, nas baixas e nas altas instâncias, a direita aplica golpes e persegue políticos da esquerda com a maior facilidade.
O filme é um belo deboche, do início ao fim, das lições de ‘democracia’ exportadas pelos Estados Unidos. E com Tom Cruise? Pois é. O cinema americano sempre surpreende.

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