O FILÓSOFO E A MINISTRA QUE VOTA CONTRA ELA MESMA

O filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp (que eu tive a honra de entrevistar várias vezes), é o autor da mais sintética, mais clara e mais precisa definição da contradição da ministra Rosa Weber, que se declarou contra a prisão depois de condenação em segunda instância, mas mesmo assim seguiu a minoria que dela discordava:
“Como ela pode ser contra a prisão em segunda instância e vota a favor da prisão em um caso concreto? Imagine a seguinte situação: ela é juíza na Alemanha nazista e acredita que a cassação dos direitos civis dos judeus seja errado. Ela votaria a favor só para ir com a maioria que nem ela fez?”
Pronto. Romano acabou com a conversa de mais de uma hora da ministra que vota com uma minoria discordante e que assim derrota, com seu voto, a possibilidade de a sua tese ser maioria.
Romano não deixa dúvidas. Os judeus, nas mãos da juíza que segue a tese da minoria (e contra suas convicções), na hora de decidir concretamente, estariam todos condenados.
(O bom do raciocínio de Romano é que temos um filósofo apontando a farsa da ‘hermenêutica’ dos juristas de Escolinha do Professor Raimundo do Supremo de Romero Jucá.)

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