O FOTÓGRAFO

Teve um tempo no jornalismo, e foi um longo tempo, em que uma boa pauta de estrada só era levada adiante por uma dupla. Era preciso ter um repórter e um fotógrafo.
Não havia uma reportagem clássica sem a dupla. Algumas duplas foram quase permanentes e sobreviveram até o cansaço ou até o desenlace de uma briga incontornável.
Eu mesmo formei dupla com nomes que admiro muito. Vou citar apenas um nome, e que nome, porque hoje tentei fazer uma lista e sempre esquecia alguém.
Muitas vezes, o fotógrafo era, e continua sendo, quem orientava a reportagem, mesmo que o repórter seja, por alguma norma não escrita, quem geralmente conduz a pauta.
Nas guerras, muitos deles sobreviviam sozinhos, sem um repórter amigo ao lado, e dormiam, quando conseguiam, sem ter com quem compartilhar seus pesadelos. O repórter de guerra é o fotógrafo.
Por causa das faculdades de comunicação, em algum momento passaram a chamar o fotógrafo de jornal de repórter fotográfico. Não precisava. O fotógrafo não precisa ser chamado de repórter para só assim ser repórter. É fotógrafo e basta.
Hoje é o dia deles, de todos eles, e não só os do jornalismo.
Pois as duplas estão desaparecendo nos jornais, principalmente nas grandes redações, porque agora um repórter faz quase tudo, fotografando e filmando. Na TV também começa a ser assim.
É o mundo em evolução e não há o que fazer, até porque as corporações alegam que precisam reduzir custos.
Registre-se que há grandes repórteres também talentosos como fotógrafo e vice-versa, e aí está o consolo da tarefa dupla. Esse aí na foto, o Kadão Chaves, é o maior de todos eles.

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