O golpe e a censura
Um ex-ministro da Justiça, agora ministro do Supremo, censurando um ex-ministro da Justiça. Só mesmo no inacreditável Brasil do golpe.
Alexandre de Moraes recorreu à Justiça e conseguiu que, por determinação da juíza Cristina Inokuti, da 3ª Vara Cível de São Paulo, uma entrevista do ex-ministro Eugênio Aragão seja evaporada do site do PT.
Moraes considera a entrevista injuriosa, por conter informações que diz serem falas.Watch Full Movie Online Streaming Online and Download
Todos aprendemos que, se injúria, calúnia ou difamação são perpetradas, o ofendido pode pedir reparação.
O ministro Gilmar Mendes pode indicar como se faz isso, pois costuma processar quem o critica, como fez com a atriz Monica Iozzi, condenada a lhe pagar R$ 30 mil como indenização por frases e palavras consideradas ofensivas a sua honra.
Mas censurar uma entrevista antes da avaliação cuidadosa dos danos ‘morais’ que podem vir a ser causados por seu conteúdo? Tirar de alguém o direito de se expressar, mesmo que este se manifeste sob o risco de cometer um delito? Que seja acusado, denunciado, processado e, se for o caso, punido. Mas não com a censura ao que pensa. Quem tem certeza (Moraes?) de que Aragão mente?
Preparem-se, porque esta é uma das etapas do golpe. Eles vão banalizar os recursos à Justiça para censurar e espalhar o medo. Esperem pela proliferação de ações por reparação moral.
O Judiciário seletivo talvez seja hoje a arma mais ameaçadora à disposição dos que chegaram ao poder com o golpe de agosto.