OS ABRAMOS PAI E FILHO E OS GOLPISTAS

Morreu Claudio Weber Abramo, referência a todos os que fazem do jornalismo a busca, às vezes desesperada e outras tantas desesperançada, da informação que possa iluminar e revelar o que possa ser a verdade.

Abramo será sempre a inspiração do jornalista engajado às grandes questões da profissão e da humanidade. Foi precursor da dedicação metódica à transparência da informação em todas as áreas como fundador da ONG Transparência Brasil.

Sua missão era saber o que estava escondido nas gavetas, nos cofres e nos biombos do setor público e que alguém ou grupos não querem mostrar.

Era filho de Claudio Abramo, jornalista de esquerda que militou na grande imprensa nos bons tempos em que as empresas não acompanhavam regimes de exceção até o fim.

Abramo pai é um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro. No seu tempo, os donos dos jornais estabeleciam algumas condições para continuarem ao lado do poder, mas não como sabujos totalmente sem direitos e sem vontades.

No tempo dos Abramo (o pai morrera nos anos 80), a imprensa saltava fora do apoio incondicional a um golpe para poder sobreviver como negócio e preservar um mínimo de dignidade. Como fez em 68 diante do torniquete da censura.

Essa imprensa não existe mais. O que existe hoje é a mídia como condutora e protagonista do golpe e que nunca irá se arrepender do que fez, porque sobrevive da articulação com os empresários do pato amarelo, o Congresso e o Judiciário.

Abramo, que já estava fora das redações, morre num momento em que os jornalistas vão sendo substituídos por comentaristas das mais variadas áreas na imprensa.

A TV foi loteada por comentaristas da ‘ciência política’ ou da ‘ciência econômica’ ou de outra ciência qualquer.

Esse movimento de abertura a profissionais de outras áreas poderia ser interessante, se não carregasse junto uma desgraça.

A maioria dos comentaristas que ocupam o lugar dos jornalistas é de direita. E muitos deles, que se apresentam como liberais, são declaradamente golpistas.

Nunca, nem no tempo da ditadura militar, a imprensa teve tantos comentaristas golpistas.

 

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