O tormento de Lewandowski

Guardo bem as intervenções de amigos e colegas que esperavam pelo grande fato capaz de interromper o golpe. Um gesto grandioso que determinasse: parem, em nome da democracia.
Esse gesto, para mim, poderia partir do ministro Ricardo Lewandowski. Imaginei que no dia final, o da votação, o ministro diria para a mulher durante o café da manhã, enquanto passava a manteiga no pão: não vou participar de um tropeço da democracia.
Lewandowski chegaria ao Senado com a cabeça erguida e, ainda em pé, anunciara: sigam vocês com esse processo, porque não posso ofender o Supremo e os que elegeram quem vocês desejam cassar.
Mas Lewandowski fez apenas uma última concessão, o encaminhamento da votação que permitiu a Dilma a preservação dos direitos políticos. Foi como acalmou parte do seu drama pessoal.
Desde então, Lewandowski deve ser um homem atormentado. Por isso declarou agora que o impeachment foi “um tropeço da democracia”.
É provável que, com o tempo, daqui a alguns anos ele fale mais e trate o golpe pelo nome.

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