Os federais ameaçados e os tucanos da Lava-Jato

Os policiais federais temem o novo ministro da Justiça. Torquato Jardim teria sido o escolhido do jaburu-rei para esvaziar a ação da PF na Lava-Jato e fazê-la, quem sabe, ficar mais seletiva. Mas por que esse medo só agora?

Vamos relembrar. José Serra e Aécio Neves foram grampeados em conversas entre eles e de Aécio com o delator da JBS em que pedem que o bosta do Osmar Serraglio (a definição é de Aécio) fosse substituído na Justiça. E que derrubassem o chefe da Polícia Federal.

Serraglio era um fraco que deixava a Federal chegar nos corruptos da direita sem criar obstáculos. Ficava lá preocupado em defender latifundiários e grileiros na briga contra posseiros e índios e deixava a Lava-Jato sem controle.

Um ministro forte não permitiria, como insinuavam Serra e Aécio, que os inquéritos da Lava-Jato fossem parar em delegados errados. E que pegassem os frigoríficos. “E vai vir inquérito de uma porrada de gente”, como disse Aécio a Joesley.

Pois agora Torquato Jardim está aí, como homem forte do jaburu, e os federais temem que ele faça o que Aécio, Serra e Joesley queriam que alguém fizesse.

Só que a Polícia Federal foi contaminada pela política muito antes, não por autoridades estranhas, mas por seus servidores. Muito se ouviu dizer, quando Lula e o PT passaram a ser cercados, que o então ministro da Justiça no governo Dilma, José Eduardo Cardozo, precisava (segundo petistas) ser mais presente nas ações dos federais.

Deveria fazer o quê? Deveria, segundo alguns, identificar e mandar investigar, por exemplo, os delegados que, dentro da Lava-Jato, fizeram um grupo em Curitiba que torcia por Aécio e esculachava com Lula e Dilma.

O grupo de cinco delegados foi flagrado no whatsapp chamando Lula e Dilma de antas e exaltando as qualidades do mineirinho que, se sabe agora, estava disposto a mandar matar mulas depois que entregassem suas propinas.

O flagra vergonhoso do bloco tucano no whatsapp foi em 2014, depois das eleições. O líder da turma anti-PT e pró-PSDB era o delegado-chefe da PF na Lava-Jato, Igor de Paula. Igor está até hoje na Lava-Jato (não se tem notícia dos outros delegados tucanos), porque Cardozo não interferiu em nada em Curitiba.

Não se viu, em nenhum momento, um delegado dirigente da associação da categoria, um que fosse, dar entrevistas sobre o caso dos delegados de Curitiba que trocavam gracinhas contra Lula e Dilma na gandaia do whatsapp, como foi denunciado em 13 de novembro de 2014 pelo Estadão.

Mas agora os delegados estão preocupados com o risco de esvaziamento da Lava-Jato ou a infiltração dos homens do jaburu na Federal. Devem ser os mesmos que ficaram quietos quando o Estadão expôs a politização da operação dentro da organização há quase três anos.

Além dos cinco flagrados, quantos mais tentavam (e ainda tentam) tucanizar a Federal para o líder Aécio? Sem falar dos tucanos do Ministério Público e do Judiciário.

Mas naquela época a prioridade era a caçada a Lula e ao PT. Hoje, não sei se alguém sabe dizer ao certo qual é a prioridade da Polícia Federal. Talvez seja o esforço para livrar a instituição do controle dos que ainda conduzem o golpe.

Só que a PF esvaziada pelo protagonismo do Ministério Público na Lava-Jato pode estar reagindo tardiamente.

(Este é o link da matéria do Estadão em 2014)

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,delegados-da-lava-jato-exaltam-aecio-e-atacam-pt-na-rede,1591953

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