Palavra de desembargador: “Acho inadmissível palestra remunerada”

O Ministério Público saberá lidar com a controvérsia das palestras de Deltan Dallagnol. Reações corporativas exaltam a honestidade do procurador e argumentam que dar palestras é bom para todos. Inclusive as pagas, que devem ser boas para Dallagnol.
Para alguns, seria melhor ainda se o palestrante, pessoa pública, não passasse a abordar, por antecipação, resoluções que ele mesmo irá adotar como acusador de um caso contaminado pela política.
Eu fiquei em dúvida sobre a história das palestras, até ler a entrevista que o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, novo presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre, concedeu ao Fábio Schaffner, na Zero Hora. Transcrevi ontem e transcrevo hoje de novo este trecho que me alumiou a mente:
“Houve um caso que chegou ao Conselho Nacional do Ministério Público por causa das palestras dos procuradores. Creio que essa situação deve ser repensada, inclusive com relação a magistrados. Meu avô foi ministro do Supremo durante 13 anos e nunca deu palestra remunerada. Acho inadmissível palestra remunerada. Quem tem problema de dinheiro, gosta muito de dinheiro ou está mal de dinheiro, não pode ser juiz da Suprema Corte. Não é forma de aumentar renda”.
O desembargador se refere a Dallagnol e a Gilmar Mendes. Então, para encerrar a conversa: não adianta ficarem dizendo que as palestras são legais e que “uma parte” dos cachês é doada (ninguém sabe ainda pra quem).
As palestras pagas são moralmente insustentáveis.

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