O que há nos subterrâneos de Porto Alegre?
Será que um dia descobriremos o que tomamos na água suspeita de Porto Alegre? E quem provoca esse gosto e esse fedor?
Li no fim de semana que uma empresa, a Cettraliq, “trata” os rejeitos (os tais efluentes) de 1.500 clientes e despeja os ditos efluentes no esgoto.
Os efluentes vão, claro, parar no Guaíba. Pois a empresa está sob suspeita de ser a responsável pelo gosto e pelo cheiro da água de Porto Alegre, segundo as autoridades do meio ambiente.
A firma, do bairro Navegantes, diz uma matéria da Bruna Vargas na Zero, não tem alvará para fazer o que faz na Capital. É clandestina.
Será que alguém vai nos informar o que, afinal, a empresa faz mesmo com os efluentes? Trata mesmo os efluentes? E que efluentes são estes? E quem são os 1.500 clientes e o que produzem?
Efluente é o nome bonito de um número incontável de imundícies químicas, muitas das quais podemos estar tomando na água com fedor.
Enquanto isso, em Guaíba, o fantasma da Borregaard aterroriza os moradores vizinhos da fábrica que hoje tem outro nome, Celulose Riograndense. E que continua poluindo e sendo acompanhada a longa distância pela fiscalização do setor.
O desprezo pelo ambiente retornou aos níveis dos anos 70. Hoje é tudo mais dissimulado e talvez com muito mais interésses encobertos e sob a proteção de gente que deveria contrariá-los.
Precisamos saber o que há de fato nos subterrâneos de Porto Alegre – em todos os subterrâneos, inclusive os dutos por onde circulam, não só superfaturamentos, mas omissões e estranhos conluios com os que nos oferecem água contaminada.
A guerra aos ambientalistas, articulada por gente de todas as áreas, pública e privada, contribui para que empresas e órgãos que deveriam ajudar a manter a água limpa estejam sob a desconfiança geral de que o que fazem é deixá-la ainda mais imunda, por ação deliberada e/ou por negligência.
A água sob suspeita de Porto Alegre é um fato vergonhoso (e provavelmente criminoso), inclusive para o Ministério Público.