POR QUE O SILÊNCIO?

A Folha trata hoje de uma reportagem que não conseguiu fazer sobre o 31 de março, porque os militares silenciaram.

A partir de fevereiro, o jornal enviou perguntas sobre o golpe a 50 dos principais militares do primeiro e o segundo escalões do governo Bolsonaro. Nenhum quis responder.

A Folha perguntou se o militar considerava um erro ou um acerto o envolvimento das Forças Armadas nos eventos de 31 de março de 1964. Se achava que os comandantes das três Forças agiram acertadamente naquele ano. E se o militar aprendera sobre o assunto, nas escolas militares, ao longo da carreira.

Diz a Folha: “A reportagem pretendeu debater o assunto por meio de entrevistas pessoais ou por escrito, mas nenhum dos militares aceitou falar sobre a participação das Forças Armadas no golpe de 1964, incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, dois dos principais integrantes do governo Bolsonaro”.

Dos 50 militares procurados, 26 ofereceram algum tipo de resposta, mas apenas para dizer que não manifestariam posições pessoais. O resto ficou calado.

O jornal não tira conclusões, mas eu tenho as minhas. Se os Bolsonaros estão aí para falar, os militares não precisam dizer nada. Que deixem pai e filhos dizerem o que pensam.

O desgaste fica por conta da maluquice da família e seus seguidores. Mas uma pergunta continua inquietando: por que tanto silêncio, se o golpe é visto como algo democraticamente ‘normal’ pelas Forças Armadas?

Se o golpe foi aplicado como algo normal e sob respaldo institucional, cívico e moral, por que os militares não falam do 31 de março? Que normalidade é essa que silencia os militares?

O silêncio constrangedor dos militares é a resposta mais contundente.

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