Prova pra que te quero

Estas são as duas primeiras definições genéricas de “prova”, segundo o dicionário Houaiss:

1 aquilo que demonstra que uma afirmação ou um fato são verdadeiros; evidência, comprovação.

2 ato que dá uma demonstração cabal de (afeto, fidelidade, felicidade etc.); manifestação, sinal.

E esta é outra, mais específica:

12 (jurídico) fato, circunstância, indício, testemunho etc., que demonstram a culpa ou a inocência de um acusado.

Provas, para questões jurídicas ou não, podem assim estar na reunião de indícios factuais, materiais ou de testemunhos.

É o que argumentam os procuradores da Lava-Jato. Tudo bem. Mas a prova não provada é um subterfúgio que vem crescendo no Brasil, quando os acusados são considerados inimigos da direita.

Dirão que a Justiça lida muito com indícios e evidências, e não só com provas cabais, além de outros indicativos que podem levar à verdade.

A questão é que, ao dizerem ontem que não lidam com provas, mas com convicções, no caso do tríplex de Lula, os procuradores se enredaram nos próprios argumentos.

Está certo que não há uma frase de um deles dizendo, como se disseminou na Internet, que “não temos provas, temos convicções”. Mas um deles disse que “não teremos aqui provas cabais”, e o outro disse que “formamos a convicção”.

Como ambos trabalharam no mesmo caso, há coerência no que eles dizem. E foi o que as redes sociais fizeram: juntaram as afirmações dos dois, para que, no conjunto, se interpretasse o que ambos disseram.

E o que eles disseram é isso mesmo: temos convicção sobre um caso sem provas cabais. Ou os procuradores não combinaram direito o que iriam falar.

O certo é que dificilmente essa conversa irá prevalecer no caso dos processos contra tucanos, que não avançam, com ou sem provas e convicções cabais.

Na verdade, os procuradores vieram com mais uma versão da prova que não precisa ser provada, como na teoria das pedaladas que derrubaram Dilma e na teoria do domínio do fato que condenou José Dirceu no mensalão.

Com a única diferença de que desta vez não temos a Janaína Paschoal, o que tornaria a apresentação mais divertida. O resto é conversa pra jurista.

É a minha convicção.

 

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