Todos nós dependemos deles (de novo)
A geração de adolescentes dos protestos do inverno de 2013 chega agora à idade adulta em um ambiente político que somente seus avós e seus pais experimentaram em algum momento da vida.
Esta geração pode se preparar para viver sob o poder da direita, desta vez em uma democracia fragilizada pelos sofisticados mecanismos de dominação das instituições, incluindo o Ministério Público e o Judiciário.
A direita da ditadura do século 20, que lastreou suas ações em bases jurídicas de exceção, deve olhar para a direita do século 21 e pensar: eles conseguiram o que nunca imaginávamos que fosse possível, apoderando-se das leis e de suas interpretações e promovendo atos que os transformam em justiceiros quase inquestionáveis.
A direita que ocupou as estruturas do MP e do Judiciário e atua só aparentemente à margem da política formal – mas é parte quase orgânica dessa política – conseguiu se legitimar como caçadora de corruptos (alguns corruptos) e se tornou intocável.
A missão de enfrentá-la, para que seja desmascarada, é menos dos que peitaram a ditadura até 1985 e muito mais da geração dos protestos de 2013 e dos que vieram depois.
É o momento, de novo, dos jovens combatentes pelo estado de direito. Eles precisam se reafirmar no Brasil, como ocorre a cada golpe, como o grande terror da direita.
Os estudantes estão diante de uma chance histórica de viver a juventude na plenitude. Não se trata mais de perseguir utopias, mas de brigar pela restauração de alguma ordem na desordem pós-golpe.
Assumindo a linha de frente, os jovens podem desfazer, pela democracia, o que os golpistas do Congresso e seus satélites nas instituições fizeram e continuam fazendo contra o Brasil.
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A foto é dos protestos de estudantes contra a ditadura em 1970 em Porto Alegre. Foi feita pelo Kadão Chaves e está no livro dele, A Força do Tempo (Libretos)