Vamos retomar Porto Alegre
O pretexto moralista, usado para censurar a exposição no Santander Cultural, é apenas a parte mais visível da ação predatória que a direita exerce em Porto Alegre.
Porto Alegre não é mais uma cidade, é um negócio. Essa apropriação, muitas vezes subterrânea, acontece há muito tempo na esfera econômica, espalha-se a outras áreas e chega ao ambiente cultural.
O que se passa agora é que a extrema direita, que também dá suporte às ações políticas dos governos, tanto no Estado quanto na Capital, passou a ser mais performática e teatral. Mas isso não é pontual ou casual. A direita tenta monopolizar Porto Alegre.
A única reação possível, sem saudosismos, é a que recupere a capacidade da população de debater e orientar seus destinos, como faziam urbanistas, arquitetos, artistas, estudantes, professores, sindicatos, políticos e gente de todas as áreas durante a ditadura.
Se a cidade enfrentou até a repressão militar e seus grandes interesses, por que não pode agora reagir aos que agridem a arte e tentam se impor politicamente em nome de um moralismo fajuto?
Porto Alegre não pode ser monopolizada por gestores medíocres e seus cúmplices. Porto Alegre não é deles. Vamos retomar Porto Alegre.
Os moralistas são, na sua maioria , hipócritas . Criticam e classificam de ‘putaria’ uma exposição em ambiente fechado onde só entra quem assim o desejar. Porém, assistem as novelas da Globo, repletas de ‘putarias ‘ semelhantes ou piores , também agressivas ao falso moralismo cristão.
Li várias críticas a exposição, a maioria escrita por pessoas que se sentiram feridas em seus princípios morais religiosos, ou seja feridas em sua hipocrisia.