VOU TORCER POR TAISON

Há momentos engraçados em ‘O que é Isso, Companheiro’, o livro que Fernando Gabeira publicou na volta do exílio sobre sua vida de militante clandestino na ditadura. Num dos episódios, ele conta que o grupo se reuniu num aparelho para deliberar se deveria ou não torcer pelo Brasil na Copa de 70.
Houve uma divisão e parece que cada um ficou com liberdade para apoiar, torcer ou ficar indiferente. Era uma decisão política. Médici poderia tirar proveito do Tri. E tirou mesmo.
É o que se repete a cada Copa, em quaisquer grupos, mesmo que sem esse tom de seriedade ou mesmo de politização do futebol. Agora mesmo a pergunta de novo é esta: a Seleção merece nossa torcida?
Eu não consigo levar minha racionalidade para o futebol, até porque sou um gremista que, com dois netos colorados, perdeu muito das suas convicções de torcedor.
Em relação à Copa, eu havia tomado uma decisão. Ontem, me convenci de que estava certo. Vou torcer mesmo por Taison, para que ele participe dos jogos. Para que não fique apenas no banco.
Vi ontem a reportagem do Tino Marcos no JN sobre as histórias desse pelotense e da mãe dele, dona Rosângela, que criou 11 filhos sozinha.
Há mais de 10 anos, publiquei em Zero Hora cinco perfis de mães que se viraram do mesmo jeito, sem marido, sem companheiro, sem nada por perto além da solidariedade de outras mães. Só elas e os filhos.
Me lembro até hoje de cada uma daquelas histórias e da valentia daquelas mães e dos seus filhos que sobreviveram, apesar de muitas vezes não terem o que comer.
Por isso vou torcer por Taison, o guri de Pelotas, hoje capitão do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia.

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