As eleições ameçadas

Acreditem mesmo que Gilmar Mendes e o jaburu-da-mala jantaram à luz de velas mais uma vez para discutir a reforma política. Os dois juntos são acusados de desmandos que, além dos recordes de rejeição do país, somam mais de 20 pedidos de impeachment.

O homem que chegou ao poder sem votos e conta com 5% de aprovação e o outro desaprovado por quase todo o país (com exceção dos golpistas) se reuniram domingo para tratar do futuro dos partidos, das eleições, da representação, dos governos e da democracia.

Dois sujeitos que uma democracia deveria abominar (se fossem da Venezuela…) anunciam-se como protagonistas das mudanças, à margem de tudo, principalmente do povo, porque eles perceberam que o povo não quer saber de mais nada que não seja o FGTS.

Mas o grande teste destas duas figuras sombrias e sem medos, porque estão com o controle das ‘instituições’, será o adiamento das eleições do ano que vem. Duvidam? Na semana passada, entrevistei Olívio Dutra na Fabico (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS), no lançamento de mais uma edição da revista Sextante.

Vejam o que disse Olívio a estudantes e professores:

“Precisamos garantir que teremos eleição geral em 2018. Eu não descarto, nesse clima, que venha mais um golpe. A democracia, na visão das elites brasileiras, tem que ter limites, e o sonho deles é uma democracia sem povo”.

E segue Olívio Dutra:

“O aparelho do Estado, nas três dimensões, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, sempre esteve nas mãos da casa grande. O Estado sempre foi dominado pelos senhores, pelos reis. Agora, é dominado pelos grandes empresários, pelo setor industrial, pelos banqueiros, fazendeiros. Esses grupos podem estar de novo chocando um parlamentarismo ou algo sob domínio das elites e dos figurões locais. As eleições gerais, com o voto direto e secreto, estão ameaçadas. A democracia foi bloqueada. É preciso ter um movimento permanente para que tenhamos eleições gerais em 2018”.

Gilmar Mendes e o jaburu-da-mala não se reuniram para saber o que o povo pensa disso tudo. O alerta está dado: as eleições estão sob ameaça. Os golpistas se convenceram de que podem fazer o que bem entendem, sem qualquer reação popular. A democracia está nas mãos deles.

 

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