As mãos de El Patón

Nahuel Patón Guzmán, El Patón (patudo, ou pé grande), foi um dos goleiros da seleção da Argentina na Copa da Rússia. É figura respeitada pelos argentinos, não só por ser um atleta famoso.

É jogador engajado a movimentos de direitos humanos, às Mães e Avós da Praça de Maio e ao combate permanente aos torturadores e assassinos da ditadura.

El Patón joga hoje no Tigres, do México, e seria uma figura impensável no futebol brasileiro, onde alguns jogadores bajularam Bolsonaro de forma patética na Copa América. Ele é assumidamente de esquerda. Publicamente. Explicitamente.

Reparem nas luvas de El Patón. Numa delas está escrito “Nunca Mas”, a expressão consagrada pelos democratas como repulsa à ditadura e como advertência: o país nunca aceitará que se repita o que fizeram com os 30 mil assassinados e desaparecidos políticos por ordem de militares e de civis nos anos 70 e 80.

Na outra luva, se lê “Memória pela verdade e pela Justiça”, para que ninguém fique impune pelos crimes da ditadura.

Nenhum jogador de futebol brasileiro tem a coragem de tornar pública hoje sua posição de esquerda como um El Patón.

Pois ele não está sozinho. Me emocionei quando vi esta foto ontem na capa do jornal Página 12, com a informação de que o goleiro e mais 150 nomes ligados ao futebol argentino assinaram um manifesto de apoio à Frente de Todos, de Alberto Fernández (presidente) e Cristina Kirchner (vice).

A chapa será oficializada neste domingo pelos peronistas kirchneristas para enfrentar em outubro o fascismo de Macri. É a volta de Cristina, para tentar reabilitar uma Argentina devastada pela direita.

No Brasil, talvez alguns jogadores assinassem um manifesto de apoio a Bolsonaro. É bom sentir inveja dos argentinos, até porque a seleção de El Patón pode estar em má fase, mas nunca tomou 7 a 1.

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