A briga entre Bolsonaro e Mandetta está ficando como aqueles intermináveis duelos de boxe de antigamente.

Os lutadores surravam-se com fúria, um ganhava um round, o outro vencia o seguinte, até que a partir do sétimo round os braços pesavam 100 quilos e, bem no fim, ninguém acertava ninguém e ninguém tombava.

O resultado era sempre imprevisível e quase nunca favorecia o boxeador para quem a gente torcia.

A sensação também era de que a luta havia sido roubada, ou pela engambelação entre os dois, para que ninguém fosse nocauteado, ou pela contagem dos juízes.

Hoje, Bolsonaro e Mandetta estão nessa de toma-e-bate, mas já sem forças. Um apanha num dia e bate no outro.

Naquele tempo, o improvável acontecia quando, num lance cinematográfico do último round, o boxeador que mais apanhava reagia com um gancho mortal.

Mas os combates memoráveis eram geralmente entre negros. O duelo entre Bolsonaro e Mandetta é entre brancos, e também os brancos matavam-se lentamente até o último round, como faziam Jake LaMotta e Rocky Marciano.

O sentimento quase geral é de que essa luta já deu o que tinha que dar. Os dois estão mais lentos e mais pesados e podem cair do ringue e tombar a qualquer momento em cima dos generais.

Bolsonaro tem a vantagem de lutar com nariz de boxeador, com o osso quebrado numa cirurgia de embelezamento. O lutador da extrema direita tinha o nariz adunco quando era tenente.

Torço para que Bolsonaro leve uma surra até o último round e caia sobre Augusto Heleno, que estará no corner de prontidão com o banquinho e o enswell.

Sim, o nome daquela peça de aço que passam no rosto inchado do boxeador é enswell. É um carimbo que fica no balde de gelo para ser pressionado com força no hematoma.

Mandetta estará com o rosto deformado, mas sairá consagrado, sem precisar de enswell.

No final, o braço de Mandetta será erguido por um general, enquanto Bolsonaro sairá direto do ringue para uma ambulância que o espera com um celular já ligado no Twitter.

Bolsonaro só luta mesmo no Twitter.