O fim das estátuas de escravocratas
Podem me convidar para laçar e colocar abaixo estátuas dedicadas a escravocratas e racistas.
Depois da pandemia, me convidem para pegar numa ponta do laço, puxar, deitar a estátua, pisar, testemunhar e assinar o que for preciso. Quero estar junto e, se for o caso, acusado como cúmplice da derrubada.
Já aproveito e digo que é completamente furada a tese de Laurentino Gomes, segundo a qual monumentos a escravocratas devem ser mantidos, em nome da preservação da História.
É furada porque qualquer monumento a uma figura humana é, na essência, uma homenagem pública a quem deve ser admirado em espaço de convívio coletivo.
Um monumento pretensamente eterno a alguém é um reconhecimento, nem sempre de todos, mas de uma maioria ou de consensos.
Imaginem um monumento erguido a Hitler ser preservado em nome da História. É um argumento sem qualquer fundamento.
Um monumento em bronze dedicado a alguém não pode, como parece que Laurentino sugere, ser comparado a um Coliseu, por exemplo, ou às ruínas de uma charqueada que explorou escravos. É uma bobagem.
Muito menos pode ser equiparado a um livro sobre um racista. Não há comparação. Derrubem tudo. Limpem as cidades.
Estátuas de criminosos devem estar em museus de cera, se é que ainda existem museus de cera.
Mario Quintana escreveu que um engano em bronze é um engano eterno. Os jovens europeus provaram que não são mais.
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A frase de Quintana está, em bronze, na Praça Getúlio Vargas, no Alegrete.
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VAMPIROS
Apareceu uma mulher que tem a cura para o coronavírus. É só comer alho cru.
Vamos descobrir daqui a pouco que Eduardo Bolsonaro, o lobista das armas, também é lobista do alho.
Mas a família deve ter cuidado. O alho é terrível para qualquer tipo de vampirismo.
O risco (ou não) é não termos mais ninguém que mereça ser estatuado. O herói de hoje pode ser o vilão de amanhã. A História sempre está sujeita a ser revisada.