A AMEAÇA DE GOLPE SÓ AMEDRONTA OS ACOVARDADOS

Bolsonaristas e ingênuos, mal-intencionados e desinformados manipulados pelo bolsonarismo são os propagadores da crença de que as urnas não são confiáveis. Mas não só eles.

Há quem acredite que Bolsonaro acredita mesmo que as urnas não são seguras, e não só desinformados ou ignorantes. O jornalista Elio Gaspari escreveu na Folha que Bolsonaro desconfia das urnas.

Gaspari não escreveu que Bolsonaro tenta convencer todo mundo de que não acredita nas urnas. Escreveu que Bolsonaro não acredita.

O grande jornalista Elio Gaspari acreditou que Bolsonaro não acredita no sistema de votação. E fica assim.

Claro que Bolsonaro sabe que as urnas funcionam, sempre funcionaram. Mas a conversa de que as urnas não são confiáveis é seu álibi contra uma derrota em primeiro turno.

Bolsonaro acredita nas urnas, mas ele e os militares precisam dizer que não acreditam. E Gaspari ajuda a passar adiante a informação que os golpistas querem passar. Fica chato para um cara com a trajetória de Elio Gaspari.

Nessa sexta-feira, o ministro Edson Fachin disse o que Alexandre de Moraes já vem dizendo, mas foi mais específico.

Fachin defendeu o sistema já existente de auditagem, que está consagrado, e afirmou que a intenção de Bolsonaro, que ele não cita diretamente, é “uma proposição aberta direcionada prioristicamente a rejeitar o resultado das urnas que por ventura retrate que a vontade do povo brasileiro é oposta a interesses pessoais de um ou de outro candidato”.

Traduzindo, se fosse preciso, Fachin disse que Bolsonaro quer mesmo é rejeitar os resultados da eleição, se for derrotado. Ele não quer auditagem coisa alguma.

A auditagem paralela é só uma forma de tumultuar a apuração. Então, Gaspari e a torcida do Flamengo sabem que Bolsonaro não desconfia das urnas. Finge que desconfia.

E o que vai ficar claro nisso tudo, principalmente depois da ameaça do general Braga Netto em encontro com empresários no Rio, é que pouca gente ainda teme as advertências de Bolsonaro e dos militares.

Braga Netto disse que, sem auditagem, não há eleição. Ninguém levou a sério. Ninguém mais quer saber dessa conversa blefenta. Bolsonaro e os militares não estão em condições de fazer ameaças.

Não dá mais para ficar falando que o povo tem medo de golpe. O povo quer comida e emprego. A classe média, inclusive a de esquerda, é que fica repetindo que haverá golpe.

Bolsonaro e os generais querem ver todo mundo repetindo que eles duvidam das urnas. E que o golpe é uma ameaça real. Não é.

Não haverá golpe nenhum. É preciso repetir que não haverá golpe. Parem de dizer que o golpe está armado. Não tem como aplicar golpe com militares. Não há como comparar com o golpe do Congresso em 2016.

Ah, sim, mas alguns ainda dizem que repetimos que eles não passariam e eles passaram. Passaram porque a maioria dizia que eles iriam passar. Passaram porque a maioria se acovardou depois de 2016.

Não passarão. Não vai ter golpe. Não são as frases que não funcionam mais. É a classe média acovardada que não funciona. Slogans e gritos de guerra foram desmoralizados pelas covardias.

A maioria precisa dizer hoje que não haverá golpe, como se dizia abaixo a ditadura, abaixo a tortura e queremos democracia. Parem de dizer que haverá golpe. Não trabalhem para Bolsonaro.

2 thoughts on “A AMEAÇA DE GOLPE SÓ AMEDRONTA OS ACOVARDADOS

  1. Vamos falar de golpe?

    O campo democrático exibe uma irresponsabilidade chocante apegando-se às frágeis narrativas do TSE sobre a segurança do voto eletrônico. Pessoas que temem um golpe fascista desconsideram os meios potencialmente mais simples de viabilizá-lo.

    A miopia tem origem na presunção de que a natureza “científica” da tecnologia eleitoral serve como antídoto para o obscurantismo bolsonarista. Assim, a defesa da candidatura Lula se confunde com a defesa do equipamento que registrará seu êxito inevitável.

    É assombroso que ninguém sequer imagine o cenário oposto. E se a apuração der vitória a Bolsonaro, contrariando a liderança de Lula nas pesquisas? A claque do TSE aceitaria boletins de urna como prova? Ou questionaria o método que não cansou de elogiar?

    Por outro lado, e se Lula vencer, mas os técnicos descobrirem um comando malicioso supostamente capaz de favorecê-lo? Os votos originais seriam recuperados, para atestar a falta de sentido da manobra? O PT conseguiria evitar a cassação da chapa?

    Essas hipóteses valem tanto quanto qualquer especulação conspiratória. E as perguntas que as acompanham não são retóricas. Quem confia nos mecanismos de votação deve respondê-las sem apelar para a fácil recusa de sua verossimilhança.

    Mas nem a credulidade absoluta serve como argumento. Os controles do TSE poderiam ser ludibriados mesmo que não tivessem as lacunas graves que têm. A sofisticação do crime digital amiúde supera os melhores sistemas de vigilância do planeta.

    Menciono um exemplo já considerado obsoleto: há doze anos, EUA e Israel sabotaram usinas nucleares iranianas, sem recorrer à internet, usando um vírus que apagava seus rastros. E é com o governo israelense que Bolsonaro negocia programas espiões…

    A esquerda se protege do fatalismo cultivando uma espécie de paranoia desejosa com o tal motim fascista. Apesar da violência que a define, é a mais reconfortante das ameaças antidemocráticas. Começa na derrota do inimigo e termina com sua desmoralização.

    Seria prudente imaginar também as alternativas incômodas. Certos riscos pedem cautela preventiva ainda que tenham mínimas chances estatísticas, ou sequer admitam cálculos de probabilidade. Basta que envolvam danos gravíssimos e irreversíveis.

    Uma sabotagem eficaz contra a vulnerável estrutura do TSE consolidaria a reeleição de Bolsonaro. O golpe seria escandaloso, mas não haveria clima político ou bases técnicas para impedi-lo. Afinal, os próprios democratas legitimaram a confiabilidade do sistema.

    A fantasia de resistência institucional ao fascismo nutre um vício triunfalista. Enquanto faz apelos pragmáticos e moderados, a oposição subestima os adversários e se acomoda numa passiva utopia tecnológica. Não pode haver definição mais precisa de “salto alto”.

    http://guilhermescalzilli.blogspot.com/2022/05/vamos-falar-de-golpe.html

  2. Sr Scalzilli, o PT perdeu 4 eleições presidências e nunca reclamou das urnas. Porque faria isso agora? O prezado acha que deveríamos alimentar a bozofrênia?

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