A ARAPUCA DO BOLSONARISMO

Era só o que faltava parte da esquerda cair na armadilha de achar que é maravilhoso ser provocado por Bolsonaro e sua turma para refletir sobre um paradoxo criado pela extrema direita.
O tema da redação do Enem sobre acesso ao cinema não é para ser festejado. Bolsonaro censura a arte, persegue artistas, manda o filho ameaçar com a volta do AI-5, corta verbas, aparelha o Estado para controlar ações e pensamentos e, ao mesmo tempo, propõe um debate sobre acesso ao cinema.
Que acesso é esse? Que cinema? Que armadilha é essa criada pelos bolsonaristas? É uma conversa fiada diversionista, que talvez tivesse sentido numa situação normal.
O entusiasmo de certos setores da esquerda com a pauta proposta pelo bolsonarismo no Enem só confunde jovens que já estão atrapalhados. Não há o que comemorar. Não acreditem nessa história da autonomia dos formuladores da prova.
O tema proposto é um deboche no contexto das ameaças, da repressão e das perseguições.
Fábio Grellet, repórter do Estadão, publica hoje um texto interessante sobre os estudantes que tentaram escapar do que viram como uma arapuca. Eles fizeram a redação sem emitir posições que pudessem ser entendidas como ‘políticas’.
Este é o título da reportagem:
“Estudantes evitam opiniões polêmicas na redação do Enem por medo de perder pontos”
O bolsonarismo conseguiu o que queria. Os estudantes se sentiram diante de uma safadeza.
Mas dizem que tem gente comemorando, porque Bolsonaro ofereceu aos jovens a chance de refletir sobre as crueldades do próprio bolsonarismo.
Precisamos de um Enem para uma certa esquerda.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Website Protected by Spam Master


9 + 6 =