A ARCA DO BIG BROTHER

O grande dilema ético que mobiliza o país hoje seria este: a Globo deve ou não avisar os participantes do Big Brother que a pandemia chegou ao Brasil?
A reportagem que li sobre o assunto tem um tom grave, como se fizesse mais uma abordagem do comportamento coletivo diante da ameaça do coronavírus.
As pessoas não estariam preocupadas com os parentes, os amigos, os colegas de trabalho, mas com os ocupantes da casa. Essa seria a aflição nacional.
A casa do Big Brother poderia, segundo a reportagem, ficar lá como uma ilha, sem informação alguma, porque assim determinam as regras do programa, e a Globo não rompe regras.
As normas do Big Brother estariam acima de leis, de Constituição, de direito à informação, do bom senso e até do direito de decidir sair da casa num cenário que começa a assustar todo mundo.
Pelo que a reportagem dá a entender, o coronavírus pode acabar com o mundo, mas os participantes do Big Brother, protegidos pela desinformação e pelo confinamento, seriam os únicos sobreviventes.
A Globo merece o Bolsonaro que tem. O Brasil merece a Globo, os Bolsonaros, Sílvio Santos, Luciano Huck, Ratinho, Crivella, Edir Macedo.