A BRONCA DOS MILITARES É COM GILMAR MENDES

Se os ministros militares acham que não há genocídio na pandemia e por isso vão processar Gilmar Mendes por injúria e difamação, por que não processam todos os que entendem que há genocídio, ou a briga é apenas com o ministro do Supremo?

Sempre lembrando que Gilmar Mendes foi quem disse, no dia 6 de junho, em entrevista ao Estadão: “Vamos parar de brincar de ditadura”.

No dia 17 de junho, o ministro largou mais esta, em entrevista à DW Brasil:

“Forças Armadas não são milícias do presidente da República, nem de força política que o apoie”.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, é quem lidera a nota de repúdio de ontem em resposta às declarações de Gilmar Mendes sobre a cumplicidade das Forças Armadas com o desgoverno de Bolsonaro.

Diz nota a nota, em determinado trecho, sobre as afirmações de Mendes em debate promovido pela revista IstoÉ, no sábado passado:

“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”.

A última frase deve ser relida e estudada. O ministro e seus colegas militares, comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha, condenam o “ataque gratuito a instituições de Estado”, porque agressões assim não fortalecem a democracia.

Pois Fernando Azevedo estava ao lado de Bolsonaro no helicóptero que sobrevoou a Esplanada dos Ministérios no dia 31 de maio.

Lá embaixo, estavam os manifestantes da extrema direita, comandados pela grande líder Sara Winter. Todos pedindo o fechamento do Supremo.

O helicóptero voou por 40 minutos e, segundo a Folha, deu pelo menos seis voltas na Esplanada.

Os jornais assinalaram um detalhe importante. Geralmente, Bolsonaro costumava usar o helicóptero branco em seus passeios, porque é mais discreto. Mas naquele domingo optou pela aeronave militar, com camuflagem e com as cores do Exército.

Era um sinal de que aquela poderia ser vista como uma operação com simbologia militar, que misturava os interesses de Bolsonaro aos dos generais. E com o ministro da Defesa a bordo.

Bolsonaro desceu do helicóptero, caminhou entre as pessoas, cumprimentou muitas deles e retornou à aeronave. O ministro da Defesa não foi mais visto (pode ter ficado discretamente dentro do helicóptero).

Bolsonaro levou seu ministro da Defesa para ir ao encontro de golpistas que pediam o fechamento do Congresso, a bordo de uma aeronave de guerra.

E aí entra Gilmar Mendes de novo. No dia 24, Bolsonaro já havia usado o helicóptero branco para sobrevoar as manifestações fascistas.

Mendes alertou Bolsonaro, no dia 30, para que não repetisse o sobrevoo do dia 24. Era preciso evitar apoio explícito aos que ofendiam o Judiciário.

Pois no dia seguinte Bolsonaro não só repetiu a operação como foi ao encontro dos liderados de Sara Winter no aparelho camuflado e tendo ao lado o ministro da Defesa.

E o que se lê agora, pela nota de Azevedo e seus colegas de farda, é que ataques gratuitos às instituições de Estado não fortalecem a democracia. Principalmente se forem ataques feitos a bordo de helicópteros de guerra do Exército.

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SEM AMEAÇAS
O ministro Augusto Heleno emitiu uma nota para dizer que é solidário com a nota assinada pelo ministro das Defesa e pelos ministros das três forças contra Gilmar Mendes.

Mas desta vez a sua nota não tem a advertência de uma outra nota, de 22 de maio, em que advertia que, se o celular de Bolsonaro fosse recolhido para investigação, haveria o risco de “consequências imprevisíveis para a segurança nacional”.

Os militares gostam de emitir notas, algumas com ameaças.

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RECOLHIDO
Bolsonaro está quieto, assistindo a briga dos seus ministros militares com Gilmar Mendes, sem interferir.

Bolsonaro tem energia apenas para cuidar dos rolos dos filhos, desde que assumiu o governo.

E agora ainda tem que administrar a liberdade de Queiroz, para que não seja jogado numa casa de Atibaia.

One thought on “A BRONCA DOS MILITARES É COM GILMAR MENDES

  1. Sempre me questiono. Já desde há muito: afinal qual a função, principalmente, do Exército Brasileiro? Inclusive há esta nata de alunos que estudam nos “Colégios Militares”, que deveriam produzir uma massa critica pensante de “militares” mais qualificada. Seria interessante que se pesquisasse sobre isso, pois é um privilégio descarado, no meu entender, que não sei onde está dando retorno mínimo ao país.

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