A bucha no colo de Sergio Moro

Esta semana, o juiz Sergio Moro decide o que fazer com a denúncia contra Lula, formulada pelos procuradores federais chefiados por Deltan Dallagnol na força-tarefa da Lava-Jato.

Juristas que opinam sobre o caso desde a apresentação pública dos argumentos de Dallagnol e companheiros, na famosa entrevista coletiva-show, têm dito que o MP de Curitiba largou uma bucha no colo de Sergio Moro.

Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas Dallagnol o enquadrou, na coletiva, como chefão do esquema. Só que essa parte do “comandante máximo”, meramente gráfica e retórica, que foi mostrada na rosácea do PowerPoint, ficou de fora da denúncia.

O que ficou dentro é fraco, dizem os juristas, para sustentar a denúncia. O juiz Moro pode colocar Dallagnol a trabalhar mais um pouco em busca de informações mais consistentes, ou pode simplesmente acolher a argumentação do MP.

Um dado que certa imprensa não destaca (para preservar seus pupilos), mas está evidente na retomada da Lava-Jato, é que Dallagnol tem a pretensão de ser uma estrela tão ou mais cintilante do que Sergio Moro. O procurador é mais eloquente, mais moralista e mais religioso.

Os dois querem ficar com a honra de ter enquadrado e pulverizado Lula, mas a História quase nunca cede espaço para dois xerifes em casos como este. O que a História oferece é palco amplo o suficiente para a performance de mais de um trapalhão.

Se Moro absorver uma denúncia considerada tecnicamente mal amarrada e transformar Lula em réu, estará dando força ao trabalho de um procurador que, mais adiante, poderá afundar a Lava-Jato no descrédito.

É o que dizem os juristas que analisaram a abundância de convicções e a escassez de provas do Ministério Público Federal da Lava-Jato contra Lula.

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