A CABEÇA DOS MÉDICOS CUBANOS

Uma conversa entre Fernando Gabeira e o escritor Antonio Lino, na Globo News, pode ser mais reveladora do caráter do Brasil de hoje do que muitos estudos sobre o comportamento egoísta de um país contaminado pelo bolsonarismo.

Lino foi entrevistado por Gabeira esses dias sobre o livro Branco Vivo (Editora Elefante), que trata do Mais Médicos. O livro tem imagens dos médicos, feitas pelo fotógrafo Araquém Alcântara, que meio Brasil já viu aqui na Internet.

Lino e Araquém foram a fundões onde médicos brasileiros nunca entrarão. E Gabeira ali querendo saber na entrevista se os médicos entendiam de fato o que os pacientes falavam. Sim, entendiam, dizia Lino, porque eles se dedicavam a entendê-los.

E Gabeira indagava então sobre os salários. Como os médicos reagiam ao fato de que ficavam com um quarto do que era pago pelo governo brasileiro a Cuba.

E Lino explicava que todos eles sabiam que prestavam serviços acertados entre governos, que não eram avulsos, que haviam se comprometido com a missão assumida por um país socialista. E Gabeira insistindo: mas há os insatisfeitos.

Sim, deve haver, admitia Lino. O escritor teve, pela insistência de Gabeira, a chance de explicar o que a direita brasileira não quer entender. Que a cabeça de um médico cubano não é igual à cabeça mediana de um médico brasileiro. Que um cubano em geral não raciocina com egoísmo.

Os médicos sabem que estão retribuindo os ensinamentos e uma profissão nobre que receberam de graça do seu país. Estão ajudando a sustentar o ensino gratuito de medicina em Cuba, para que outros também tenham a chance de estudar e um dia ajudar miseráveis de outros países.

Mas o que mais ficou claro na reportagem é que os médicos não pensam em acumular dinheiro, mas em fazer bem o que deve ser feito. Eles são missionários da saúde. Trouxeram para cá a generosidade e a cultura de um país em que o coletivo é o mais importante. Isso é o que o reacionarismo brasileiro mais teme: a disseminação da solidariedade.

Os brasileiros da medicina do empreendedorismo nunca irão compreender um médico cubano dedicado á saúde básica. Só entenderão como eles pensam as pessoas que estiveram mais próximos desses profissionais fantásticos.

Um dia o Brasil terá a exata compreensão do que os cubanos fizeram por nós. Para que não sejam feitas tantas perguntas sem sentido, como as de Fernando Gabeira.

Como reafirmou Lino sobre as motivações que mobilizam os cubanos: “Talvez seja difícil entender”. Talvez nem seja difícil. O que é difícil é admitir que eles encaram pacientes, saúde e cidadania de outro jeito.

Que os cubanos levem adiante sua missão. Os mexicanos esperam por eles.

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O link para a entrevista:

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