A carta de Dilma

Além dos políticos golpistas, há jornalistas irritados com a carta que Dilma Rousseff dirigiu aos senadores. Porque, dizem eles, se a carta era endereçada aos senadores, deveria antes ter sido entregue aos destinatários. E Dilma decidiu ler a carta ontem,

O jornalismo brasileiro nunca foi tão cartesiano, concreto, previsível. Claro que a carta é dirigida aos senadores que irão cassá-la, mas apenas simbolicamente. É como explicar para crianças.

O que Dilma disse, para que todos soubessem, foi isso mesmo: olhem o que vocês estão fazendo ao participar de um golpe. Dilma não acredita que possa ser poupada. Ela só quis denunciar o golpe do seu jeito.

Mas alguns colegas jornalistas acham que Dilma deveria ter escrito à mão: queridos senadores, essa cartinha…

Depois, deveria envelopar a carta, lamber o selo, levar a uma agência dos Correios e esperar que chegasse aos senadores golpistas e aos que são fracos para reagir ao golpe.

O jornalismo, inclusive o adesista, não pode ser tão ingênuo, ou deve pelo menos se esforçar para não comprometer uma atividade sob forte questionamento.

Mesmo que alguns se façam de desentendidos, a carta de Dilma é dirigida também a todos nós, jornalistas.

A História vai cobrar sua conta, e esse é outro recado de Dilma. Mas não dá pra ficar explicando tudo a colegas que fingem que a conversa do golpe não é com eles.

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