A GUERRA PERDIDA DOS GAROTOS CONTRA OS DELEGADOS

Será dura a vida dos garotos de Bolsonaro, se for confirmada a escolha do amigo deles para chefe da Polícia Federal.

Bolsonaro e os filhos podem ter cometido o erro primário de escolher para o cargo, em substituição ao delegado Maurício Valeixo, o chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem.

O erro grosseiro, que um vereador de Jijoca de Jericoacoara não cometeria, é a substituição de um inimigo por um excessivamente amigo. Valeixo tinha uma equipe de delegados que estava chegando perto de Carluxo e Eduardo, chefes da produção de fake news com recursos públicos.

Na cabeça dos Bolsonaros, um delegado muito amigo, íntimo principalmente de Carluxo, vai segurar a investigação determinada pelo Supremo.

Os Bolsonaros conseguiram acionar, com as notícias que deixaram vazar sobre o preferido, uma reação corporativa que independe de ideologias ou posições políticas.

Eles apertaram o botão que fere a reputação da instituição e acabaram provocando os servidores da elite da PF.

A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal poderia ter encaminhado uma carta com queixas a Bolsonaro, expressando preocupação com as suspeitas de interferência política na corporação e com a possível nomeação do amigo de Carluxo. A entidade decidiu ir mais longe e publicar uma carta aberta.

Uma carta pública, com a exposição de temores e de posições firmes, pode ser politicamente devastadora. A carta da associação tem esse poder.

Os delegados dizem que “a partir da nomeação e posse (do chefe da PF), manda o interesse público que o Presidente mantenha uma distância republicana” do indicado para o cargo, “de modo a evitar que qualquer ato seu seja interpretado pela sociedade como tentativa de intervir politicamente nos trabalhos do órgão”.

A nota fala em crise de confiança dentro da PF e afirma que o escolhido como diretor geral precisa “demonstrar que não foi nomeado para cumprir missão política dentro do órgão”.

É um recado duro. E agora? Os garotos ganharão, mesmo assim, o presente prometido pelo pai? Terão um delegado só deles, íntimo da família, dentro da mais importante corporação policial do país?

Poderão usar a PF como reduto de espionagem e arapongagem da turma? Os Bolsonaros podem ter provocado não só os insatisfeitos com a saída de Valeixo, mas toda a instituição.

Alguém imagina que, por terem um amigo no comando, os garotos terão folga da PF, a partir do controle absoluto de todas as investigações que possam comprometer a família?

Sergio Moro, na fala de despedida, observou que Lula e Dilma não interferiram politicamente na Polícia Federal.

Os petistas podem dizer que os dois adotaram uma postura republicana. Os dois sabiam que, mesmo que alguém quisesse, não adiantaria nada tentar interferir.

Bolsonaro pode descobrir, daqui a pouco, que cometeu um erro grave, se confirmar o amigo dos filhos no cargo.

Ele deve ter lido o recado mais incisivo da carta aberta, que é este. Entre as atribuições constitucionais da Polícia Federal está a de “exercer uma parcela do controle dos atos da administração pública federal, incluindo os da própria Presidência da República”.

Está dito. A PF tem a prerrogativa de investigar até o presidente. Por que não poderia investigar seus filhos?

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