A GUERRA SUJA DAS FACÇÕES

São dois os impactos imediatos da guerra deflagrada por Bolsonaro contra os governadores, que apenas começa com a pedalada na casa de Wilson Witzel.

O primeiro impacto é o mais óbvio: o governo vai dizer que a pandemia passou a fazer parte da engrenagem da corrupção. O segundo: os governadores vão gritar que são perseguidos enquanto combatem a peste.

Começa agora uma guerra que não é só da política e da polícia, mas deverá ser também de milícias, no mais amplo sentido das forças paralelas que serão mobilizadas por Bolsonaro, Witzel e possivelmente outros governadores.

Enquanto isso, cada lado fica com a versão que interessa. Mas não há como ignorar as verdades que serão expostas. Uma é inquestionável: há roubos no superfaturamento da compra de equipamentos, desde o início da pandemia.

Mas qual é a participação comprovada, direta ou por omissão, dos governadores nas falcatruas? Para Bolsonaro, isso não interessa.

A outra verdade, a previsível, a que estava anunciada desde as mudanças na Polícia Federal, cria uma situação complicada para a própria PF.

A instituição faz o que deve fazer e poderá apontar os resultados das operações e legitimar as ações. Mas estará sob a suspeita de agir em nome de Bolsonaro para atacar governadores que ele não conseguiu enfrentar com as leis.

Os governadores ‘boicotaram’ o plano de Bolsonaro de liberar tudo no pico da pandemia e terão o troco das devassas da PF. O caso do Rio tem um agravante. Bolsonaro acusou Witzel de perseguição.

A ação já fica marcada como retaliação por atingir até mesmo a mulher do governador.

As investidas da PF talvez sejam a primeira etapa dos próximos movimentos de Bolsonaro.

O golpe imaginado começa pela fragilização dos inimigos, e não necessariamente por algo improvável, como intervenções no Congresso e no Judiciário.

Não teremos aqui um golpe boliviano ou paraguaio. Bolsonaro passa a agir mais descaradamente como chefe de facção. É o que o seu talento, sua índole e sua base de sustentação permitem.

Foi criada uma nuvem de fumaça, e uma nuvem densa, não só para desviar atenções. Agora, começa a destruição de reputações.

A população é jogada contra os governadores. Todas as medidas restritivas que contrariaram Bolsonaro serão apontadas como estratégia para que alguns lucrem com a doença.

Uma pergunta é decisiva para as respostas às ações de Bolsonaro: os governadores não estavam preparados para a investida da Polícia Federal?

A outra questão sai da esfera da política e cai no submundo da extrema direita e da bandidagem do Rio. É provável que finalmente seja deflagrada uma guerra explícita de milicianos. Teremos balas perdidas.

O submundo da política brasileira se achinelou. Bolsonaro foi tenente, Witzel foi fuzileiro naval. E dizer que um dia a extrema direita foi liderada por generais e até marechais.

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O DISSIDENTE
Esse não é um Alexandre Frota ou uma Joice Hasselmann, é um dissidente de peso.

“Quero dizer a todos os irmãos policiais: eu não tenho bandido de estimação. Quem se desviou e está se desviando é o presidente. Eu não gosto de ladrão, para mim ladrão é ladrão. De direita ou de esquerda. Se for filho de presidente ladrão roubando junto com o presidente, eu vou dizer.”

Major Olímpio, senador paulista pelo PSL.

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