A IMPRENSA ADESISTA 

Marcos Nobre, professor de filosofia da Unicamp, sempre ouvido em momentos graves, diz em entrevista à Folha hoje o que vem sendo percebido nas últimas semanas. O que ele diz é apavorante.
A grande imprensa e o mercado, afirma Nobre, foram os primeiros a “normalizar” o candidato da extrema direita. Mesmo que até mesmo seus eleitores saibam que ele não é normal.
Mas para os grandes grupos de comunicação e o pessoal do dinheiro ele passa a ser um candidato como qualquer outro. A adesão está consolidada, talvez com algum esperneio apenas da Globo.
Cumpre-se agora o que não se cumpriu nem mesmo no golpe de 64. Marcos Nobre adverte:
“Imagine um presidente autoritário no Brasil, com instituições em colapso, como são as nossas? Não há instituição democrática que aguente Jair Bolsonaro”.
E lembra à própria imprensa que o apoio ao ogro pode se voltar contra ela mesma:
“Como sabemos, a mídia tradicional está em crise profunda. Caso ele ganhe, teremos um presidente com tendências claramente autoritárias num momento em que a imprensa está com dificuldades enormes. Então é a receita para ter restrição, para o governo ir para cima da imprensa. Você (Bolsonaro no caso) elege seus próprios canais oficiais, segue com campanha em redes sociais, em que não há nenhum controle, e diz : “Não acredite em nada que a mídia tradicional diga”.
As conclusões. A imprensa está diante de um dilema: gruda-se ao sujeito e tenta fazer um pacto de não-agressão, ou não apoia e é engolida logo adiante por represálias. Há salvação? Não há. Nem se entregarem tudo, das calças à alma.

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